Comentário jornalístico

Incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, Largo Paissandu, na madrugada do dia 01/05/2018.

Sirlete Paxesnik: Por que, Joice, você só comenta isso agora? Por que não denunciou antes de acontecer?

Lourenço de Oliveira: Sirlete Paxesnik, sejamos razoáveis. Entendo a sua colocação de que o ideal seria ter colocado trava antes da casa ser arrombada. Entretanto, que diferença faz, agora, se se deixou de falar antes? Importante é que a ponta do iceber aflorou. E, como todo iceberg, o corpo é muito maior que a ponta. Se antes estava, por um motivo ou por outro, meio que invisível submerso na imensidão do mar, hoje não está mais. E, mudando de figura de linguagem, a ferida agora está exposta. Hora, portanto, de cuidar dela. Limpeza, assepsia, pó, esparadrapo... Agora é hora de ir fundo para curar de uma vez por todas essa chaga travestida de movimento para causas sociais, mas que na verdade serve a outros interesses. Sempre olhamos para o macro quando vemos um problema. Até porque é quando ele, pela sua própria grandeza, se apresenta de fato como é e destaca-se diante de nossos olhos. Mas é no micro que a solução está. Sempre esteve ali. É onde se concentra toda a energia. O macro só serve para concentrar a matéria tornando-a visível. É quando, então, aparece a ponta... Vamos, agora, atacar o iceberg da sua estrutura (moléculas, átomos, quarks). Do contrário, o Titanic afunda... de vez!