Compromissos

Ergo os olhos dos papeis que caem e se espalham pelo chão, como se deles quisesse fugir, esquecendo-lhes as loucas venturas, os sonhos tão desejados; são viagens, que foram encantadas, bugigangas que se compra para dar como lembrancinhas a quem fica, passeios de lanchas, bugs que correm velozes e nos faz gritar desenfreadamente, soltar as opressões do trabalho, os desentendimentos e as dores, físicas e psíquicas.

Sou assim, criança descuidada, mas medrosa, muitas vezes insensata, mas me amo. Adoro essa mulher que sou, cheia de ingenuidade, possuidora de fé, generosidade; outras vezes má, que dá asas a raiva de pessoas promíscuas que nos querem ensinar a sermos perfeitos, que fala de nossas falhas e, que por vezes nos fazem sentir piores que elas.

Analisando agora essas contas, tenho um montante bem maior que posso pagar; esses papeis, faturas de compras do mês, exorbitante como se gasta com comida em uma casa!

Rumino a decepção com o pagamento , que sempre vem menos que o mês anterior; não tem elasticidade, não cobre nossos gastos, que são metódicos, sem extravagâncias, sem charme.

Ponho para imprimir as faturas de Internet, TV a Cabo; vejo que um cineminha nunca faz parte do meu cotidiano de visualizações, só programas e filmes repetidos, ou saio catando milho no controle para sair desta rotina prisioneira que se conquista sem vontade, muitas vezes para agradar filho, família, enfim.

Preciso de lágimas, para lavar o estresse, não as tenho de pronto, preciso lembrar emoções gostosas, de sonhos poéticos, líricos, para desatar a correnteza e saciar o descontrole nessas águas salgadas que me lavam a alma.

Venci o desânimo, ganhei nova noite de sono. Amanhã pago as faturas...algumas.

CidadiPaula