ANJO DA GUARDA DOS BORRADOS

Prestes ao ponteiro nos informar que já passara da meia noite, a marca, o lúpus ou a temperatura da cerveja que ingeríamos já não mais importava. Bhrama, Skol, Stella Artois, Heineken... a variedade era grande, pois cada um dos cinco casais levara a marca de que mais gostava para bebericar, enquanto as mãos de fada de nossa anfitriã finalizava um delicioso sarapatel.

Começáramos às 20 horas, por isso, àquela altura nossas línguas já estavam soltinhas, soltinhas. Temos muito prazer quando estamos juntos, pois o papo é sempre bom, o riso é farto e garantido. Costumamos rememorar as vezes em que passamos carnavais juntos, ou as comemorações prévias de datas como o dia dos namorados e natais, quando costumamos viajar juntos, fazer jantares e brincadeiras de “amigo X” ou de “Desapegos”. É bem verdade que de vez em quando a gente aproveita para “botar as fofocas em dia”, mas esse nunca é o nosso objetivo maior. A gente gosta muito de música, de violão, de cantar e de rir da gente mesmo!! Nessa noite o tema virou “anjos da guarda dos borrados”.

Um amigo nos contou que, há alguns anos, após almoçar no Alice Hotel, em Vitória, ES, começou a sentir nós nos intestinos a pouco mais de 50m, ainda na Av. Princesa Isabel. Lembrou-se de que não muito distante dali havia a loja Mesbla (Agora eu fui looooonge no tempo!!) e em frente dela a Lojas Americanas, onde, muito provavelmente, deveria haver sanitários. Apressou o passo e chegou à primeira loja, subiu as escadas já sentindo o “barreiro” encostando na “porta” e quando conseguiu chegar ao sonhado recinto, encontrou uma papeleta informando: “Banheiro fechado para reformas”!! Em desespero, ele desceu, rezou para o sinal de trânsito abrir logo, atravessou a avenida e correu para o interior da loja do “Tio Sam”, quase se borrando, até encontrar a porta do banheiro de funcionários... Fechada!! O “barreiro” já começava a descer pelas cuecas, quando, finalmente, uma alma bendita desocupou o sanitário, deixando que o resto do “barro” fluísse para o lugar certo: o vaso! O problema, claro, foi limpar razoavelmente a roupa pra conseguir sair e comprar um perfume, no interior da loja, capaz de disfarçar o fétido odor!

Embalada pelo relato do nosso amigo a anfitriã começou a relatar sobre o dia em que, indo para Vitória, parou em Ibiraçu, ES, para lanchar um pastel de recheio triplo (bacalhau, palmito e catupiry), acompanhado do delicioso molho caseiro e do geladíssimo caldo de cana que servem na pastelaria “Califórnia”. Seu destino era o Shopping Vitória, para onde 90% dos linharenses da década passada iam, quando visitavam a capital capixaba. Antes mesmo de chegar ao município de Serra, o “meteorismo” começou, fazendo-a indagar-se sobre as causas daquela tempestade que se formava em seus intestinos. “O que estaria estragado, meu Jesus: o molho? a massa? o bacalhau, o catupiry? o palmito? o caldo de cana?”. O tempo não passava, o trânsito não fluía, enquanto sua tez só se esverdeava e a “ porta” se trancava fortemente, muito mais nas eventuais freadas. Finalmente, chegou ao seu destino e lívida, desceu do carro e correndo rumou para os banheiros do térreo.

Para seu desespero todas as portas estavam ocupadas e até que uma delas vagasse, minha amiga se contorcia de dor. Quando finalmente ela conseguiu ensaiar para sentar-se ao vaso, um jato fortíssimo saiu e borrou a parede em forma de rabo de pavão. Enquanto ela soltava o restante no local certo, sua cabeça fervilhava pensando sobre como sairia dali, como limparia toda aquela boseira, já que para desgraçar não havia papel....Uma hora depois ela criou coragem e encontrou a solução: limparia a si (pelo menos) com a sua própria calcinha, sairia sem ela e compraria outra nas Lojas Americanas. Mas o que fazer com o “desenho” da parede? Nada!! Não havia o que fazer além de passar “óleo de peroba na cara”, rezar para não ter ninguém aguardando na porta, e pedir perdão à alma desafortunada que tivesse de limpar o “rabo de pavão”. Criou coragem, saiu e.... Ufa!! Ninguém aguardava do lado de fora e acho que podemos deduzir a razão: não se faz tanto sem deixar vestígios sonoros e olfativos!! Eca! Que crônica fedida!! Rs,rs,rs....

O certo é que minha amiga está convencida, até hoje, de que existe um anjo que livra a cara dos borrados.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 15/05/2019
Reeditado em 15/05/2019
Código do texto: T6647536
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