Memento Mori

A sensação da vida me envolve no exato momento em que coloco meus sentidos à mercê da noite, que chega sorrateira em meio a tantas tarefas diárias. Dezesseis horas depois do momento em que optei por levantar da cama. Caminho até o carro abraçada ao meu amigo, rindo do quanto conquistamos cada professor ou professora com nosso humor absurdamente enérgico. Entre a saída da Linha Verde e a esquina onde o deixo todas as noites, divagamos sobre os ensaios de TCC e o ensaio da vida que em certo momento também termina. Ele sorri, abre a porta e desce do carro. Sua alegre energia se despede mais tarde enquanto mistura-se ao vento que invade a parte interna do carro e bagunça meu cabelo, assim como ele mesmo já fez tantas vezes. Faz frio, mas permito que o vento entre e sinceramente... As coisas mais legais da vida bagunçam os cabelos. De repente, percebo que tudo é automático, os faróis, a música, as janelas, as marchas. Entregue ao suspiro que advém de uma gratidão pessoal abro um sorriso para a extensa BR que me espera. Repito – “Tudo é automático.” Menos a paixão pela vida que nutro a cada hora desde que percebi a morte como algo muito próximo. Lembro novamente de Raul, que dizia “A morte, surda, caminha ao meu lado

E eu não sei em que esquina ela vai me beijar”. Se um dia me perguntarem a idade que tenho, somarei minha divertida infância aos abraços dos meus pais, as conquistas que alcancei aos beijos que ganhei. As dores na barriga de tanto rir à ansiedade pelos melhores momentos que vivi. - Por fim, qual o verdadeiro tempo vivido se somarmos os prazeres que tivemos? Essa é a reflexão que me inspira a abrir o portão de casa, brincar com meus cães às 23h45min de uma segunda-feira.

CarolAmantino
Enviado por CarolAmantino em 15/05/2019
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