Não posso afirmar com veemência que os anos foram os responsáveis pela maturidade que ora brinca de esconde-esconde com a racionalidade nas minhas convicções, a idade não acompanhou, talvez quando for morar num asilo (creio seja inevitável para as próximas gerações) seja uma "doninha" ranzinza e impaciente apelidada de tolerância zero.

Exércitos foram dominados por uma voz de comando, a Teoria da relatividade foi comprovada ampliando o domínio da física, o homem pisou na lua, descobriram que é possível conter o vírus da AIDS, mas a mente humana e os cabelos cacheados, não são dominados com a mesma propriedade.

O Recanto das Letras é uma vitrine exposta de que, em se tratando de domínio, vê-se, raras exceções, que os escritores têm obcuidado de captar informações, dominá-las, para apropriar-se de conceitos e citações ampliando e embasando cientificamente suas teses, mesmo que sejam apenas opiniões avulsas com base nas experiências.

Muitos foram os escritores que, ao longo da vida, demonstraram conhecimento em relação à diversos temas. Vamos por partes. Lucas, Mateus e João ficaram conhecidos por escreverem a história de Jesus Cristo, nos evangelhos respectivos. Aristóteles criou a própria escola, difundindo a ideia da lógica como filósofo seguidor de Platão, também reconhecido por suas teorias. Kant foi singular ao afirmar que “Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é vida organizada”
. Deste modo, seria suficiente o domínio do conhecimento sem a sutileza para colocá-lo à disposição?

A mente humana é condicionada a partir da convivência. A história de que “nenhum homem é uma ilha” afirmada por John Donne, traz a ideia de que fazemos parte de um contexto, estamos nele inserido, somos o contexto, nos permite compreender porque num mesmo universo tenhamos tantas realidades distintas. Daí a explicação para nossas escolhas, com base no universo singular que nos caracteriza. Então não dá para olhar para o outro com pré- conceito, se o conceito em si, lhe foge à regra. Quando alguém abraça um dogma, uma ideologia, uma causa isso se dá mais pelo contato com o conceito. Se o comunismo é bandeira, a disparidade social incomoda a ponto de desejar a redistribuição de renda como forma de encontrar o equilíbrio. Ao passo que, uma visão contrária traria um conceito de disparidade com base na meritocracia, sem uma obrigação de intervenção do Estado para minimizar as diferenças conflitantes, claro, com base na experiência de mérito no cenário em que vive. Assim também funciona com outras áreas, inclusive a do conhecimento. Isso não torna equivocado, em análise de prima, nenhum dos dois lados, mas os diferencia por “crenças limitantes” se assim podemos nominar.

Deste modo, num silogismo perfeito teríamos: quem busca conhecimento, o tem, quem não busca se detém (prisão). Filosófico seria tentar explicar em linhas o que é empírico.

Mas se não a sutileza, como forma de externar a ideia que consome, seria provável a receptividade por quem lê ou garantiria, ao mínimo, o respeito em relação às ideias conflitantes?

E a pergunta que não quer calar: Se for sutil, pode?



 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 17/05/2019
Reeditado em 17/05/2019
Código do texto: T6649363
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