ÀS ARMAS!

Entre bombas e fuzis, a alegria e a ostentação! Os projéteis e os buracos são a mais pura tradução!

Parabéns ao calibre 38, por seu poder de fogo e seu porte aprumado! Parabéns a ponto 50, por sua força e terrível estrago!

Às bombas! Às armas! Nucleares ou não!

Afinal, a paz se faz com armas em punho, com a faca nos dentes, com destruição!

Afinal, a paz é difícil, precisa de ajuda, de um bom pontapé, de um soco, de um safanão!

Assim, neste cenário bélico e surreal, a Terra Brasilis convida seus cidadãos ao ataque!

Às bombas! Às armas! Nucleares ou não!

No entanto, de forma simplória, ridiculamente patética, utiliza-se a ideia de que os bandidos terão medo e pensarão antes de agir!

Quem está com uma arma não tem muito a perder ou não se tem nada a perder. Por esta razão, na grande maioria dos casos, o dedo sempre aperta o gatilho, a mão sempre descarrega o pente…

Os bandidos não deixarão de ser bandidos. São bandidos. Usarão armas, sendo liberadas ou não. Continuarão a roubar e a matar. Continuarão a vomitar a violência caótica do Brasil. A questão é que, sabendo da possibilidade de alguém estar armado, atacarão com mais raiva, com mais fúria, com mais violência!

Isso sem falar nas brigas domésticas em que muitos homens, desprovidos de bom senso e de razão, sem uma arma, já matam centenas de mulheres…

Isso sem falar nas brigas de trânsito em que vários motoristas, desprovidos de civilidade, sem uma arma, já discutem enfurecidos e batem brutalmente no outro…

Isso sem falar no crescente número de suicídio entre jovens que, atordoados e sem perspectivas, sem uma arma, já se matam com facilidade…

Uma arma, por si só, é sinônimo de morte!

Defender as armas é defender a morte, simples assim! As armas não podem ser a resposta…

Quando achamos que armas resolverão o problema, isso significa que estamos muito mal!

E estamos mal porque achamos que, com as armas, teremos força e voz e vez. Entretanto, ficamos mais próximos das feras, das bestas, grunhindo, gritando, brigando, batendo…

Obviamente, precisamos conter a violência e punir os responsáveis, mas nunca resolvemos a situação na sua origem: o histórico descaso das autoridades, a desigualdade crônica, os parcos investimentos na educação, enfim, nada, nada rigorosamente muda na estrutura do país.

Por isso, de maneira trágica, chegamos ao ponto atual: a turba e o grito por armas para dar ordem e progresso à nação.

E vamos seguindo, vociferando impropérios, pisando firme, com uma arma fumegante a exigir atenção

Esta nação realmente não gosta de ser levada à sério.

Se assim fosse, não trocaria nunca livros por armas!

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 18/05/2019
Código do texto: T6650447
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