O que é engraçado?

Mau Gosto

Com a atual declaração de Renato Aragão a respeito do meme (no céu tem pão)

que se formou a partir da história que conta anualmente no programa Criança Esperança,

somos levados a refletir sobre o que andamos achando graça por aí.

Se o humor de antes não daria certo com o politicamente correto de hoje,

parte do humor de hoje não daria certo com o público de antes!

Com a afirmativa pronta de (é rir para não chorar) descobri que andamos aceitando muitas coisas por aí.

Muitas mesmo.

O que haveria de engraçado no fato de uma criança, já em seu leito de morte, perguntar para a mãe se no céu tem pão e morrer logo após?

Ah, mas o meme se formou a partir de uma história contada por um famoso humorista,

com aquele tom comum dele contar histórias que já é engraçado, naturalmente.

E o pior: o fim da frase.

“E MORREU”.

O que foi mais usado por aí.

Só sei que o meme ganhou a internet rapidamente, e permanece por muito tempo.

Sabe o que mais assusta? A gente quase nunca perceber o quão grave o fato de isso Não ser natural!

Depois de um tempo, não conseguem mais falar sério.

Já houveram relatos de humoristas que disseram não conseguirem mais passar tanta seriedade quando julgam necessário.

É errado?

São suas habilidades, gostos e principalmente seu trabalho!

Honestamente e de forma lícita, cada um ganha a vida de maneira que melhor lhe apetece.

Que medo… imagina?

Ninguém mais te levar tão a sério assim?

Eu acredito que foi mais ou menos isso que rolou com Renato Aragão (Didi).

Erradicada?

Mas isso de maneira alguma alivia o fato de que grande parte dos internautas riram (e eu me incluo nisso) da desgraça alheia que no caso, deveria nos levar a refletir, possivelmente, sobre uma questão social ainda presente no país que é a fome.

Hoje? Ri-se de tudo.

Das diferenças raciais, das deficiências e outras limitações por aí.

Mas é praticamente daí que o humor se origina, cara!

Geralmente uma falha, uma limitação ou insuficiência até de compreensão.

É do ser humano!

As limitações, sim. As piadas de mau gosto, não.

Quantas vezes você não acompanhou alguém a contar piadas e pensou:

Caramba… essa é muito pesada!

Não sei. A coisa é tão ruim, que na maioria das vezes se acha graça.

Para o cérebro é como se fosse um nítido desespero. “tô rindo de nervoso”.

Ou melhor: constrangimento.

O politicamente correto está ferrando com a minha vida!

Mas não tem como fugir disso. Afinal, sempre tem algo que diz respeito a você.

Seja um amigo, alguém próximo que passou ou tenha passado pelo mesmo,

você em um passado distante. Vou chorar o dia todo?

Não sei: eu não consigo romper essas barreiras.

Dizem que um bom humorista precisa abordar a realidade de maneira cômica.

Tendo esta como máscara, abandonando sensibilidades que levem a perda do humor.

Afirma-se terem muitas piadas como perdidas diante a essa sensibilidade!

O bom senso prejudica o humor. Será mesmo?

Eu prefiro o bom senso. Me desculpem.

Ainda acredito na possibilidade do rir junto, sem restrições.

Com o humor forçado, ri-se da piada, possivelmente daquele alguém, e só o alguém não sabe do que ri.

Nossa, como eu sou patético… mas as pessoas ainda pagam pra assistir, e por isso vale.

Piadinhas idiotas e ah, ele gosta… talvez ele só não se pronuncie sobre. Já parou pra pensar?

Durante nossos dias, somos obrigados a conviver com opiniões, divergências e demais comentários sobre tudo.

Aceitando ou não, seguimos.

Qual o medo?

Vou me indispor com fulano, ficar mal diante do grupo, criar caso por nada? É uma brincadeirinha boba.

Sim, muito boba. Feia.

Conteúdos humorísticos? Sempre acompanhei, curti e hoje até produzo.

Talvez, tenha sido isso que me levou a refletir até mais sobre:

Que tipo de humor que estamos produzindo?

As pessoas realmente riem por acharem graça? ou forçam uma determinada conveniência por afinal, ser moda.

Parte do humor de hoje:

Uma série de piadas sobre a desgraça alheia. Ou própria, nos sendo empurradas de goela a baixo.

Não desce? Não vale!

Mas cara, é muito fácil dizer, uma vez que você não precisa se inserir em grupo nenhum.

E porque você não pode desenvolver suas próprias habilidades e ser reconhecido por isso?

Pois não me aceitam!

Então, primeiramente, se aceite.

Ainda acredito na revolução do “F”. Sem medo.

Não me sinto bem, não gostei, não curti nem um pouco.

E dâne-se você, seu grupo e essa falsa aceitação imposta.

Também na condição de humorista, eu ficaria muito feliz com esse feedback.

A piada parece ser muito boa pra mim que talvez nem viva tal realidade. Mas o que ela significa pra você e um bom grupo de pessoas? Por isso os testes.

Porém, isso não significa, necessariamente, que você tenha que conviver apenas com pessoas que tenham as mesmas opiniões que você.

Mas se pergunte:

Até onde é aceitável forçar uma convivência que não te agrada?

Até quando reforçaremos conteúdos que podem afetar alguém que tenha, ou esteja passando por tal momento difícil?

Se lá no fundo você sente que também não te agrada, mas mesmo assim segue a ignorar o fato de que não te faz bem, e apenas consome.

Te proponho uma nova experiência:

Tente. Apenas tente.

Não curti, não achei legal, e ponto final.

Mas não é o não curti do divulgar o link e veja! que coisa horrível.

É o do não curti, disse, sigo em frente, não passo a diante e ignoro.

Se derrubam apelidos assim, porque não derrubaríamos piadas de mau gosto de tal maneira também?