-A INÉDITA BELEZA QUE NÃO SE VÊ-


(TEXTO DE 19 DE MAIO DE 2015)

 
Hoje meu caminho cruzou por acaso com o caminho de um velho conhecido. Digo conhecido porque nem mesmo sei o nome dele. Há alguns anos eu caminhava na Praça das Flores todas as noites, e sempre encontrava por lá um tipo peculiar. Não era um homem bonito e nem tinha outros atrativos. Ademais, por algum motivo que desconheço, tinha uma postura entortada e um andar claudicante que chamava a atenção dos passantes.

Sua deformidade evidente não o impedia de estar sempre ali, caminhando. No ritmo lento que seu corpo  permitia, ele seguia tímido, calado, com o encanto típico que os desprotegidos provocam em algumas mulheres, mulheres como eu.

O tempo passou e eu deixei de andar pela pracinha e por isso nunca mais o vi, até hoje, quando cruzamos no final da tarde, em um estabelecimento comercial.

Sorri, reconhecendo o companheiro de andanças, e ele me cumprimentou de volta.

Passando por perto enquanto me servia do meu jantar eu perguntei se ele ainda andava pela praça, respondeu rindo para mim pela primeira vez. Seu rosto sorria inteiro, os olhos brilhavam, e ele soltou a seguinte pérola:

- Ainda assusto por lá. - referindo-se, notoriamente, ao desconforto que aquela sua condição provocava nas pessoas.

- Que nada, você é maravilhoso- Respondi, sorrindo de volta.

Ele nunca saberá e quem sabe quando o encontrarei de novo, mas quando sorriu tão francamente e me surpreendeu com aquele bom humor inesperado, ele foi o homem mais lindo do mundo.

Queria dizer para ele tanta coisa, mas como explicar a beleza que minha alma enxergou nele, naquele momento, sem parecer maluca?

Saí saboreando uma felicidade inédita e uma vontade louca de chorar.

Boa noite, estranho conhecido, obrigada pelas emoções de hoje.





Interação da linda Raquel Ordones. Obrigada!

Essa poeta é porreta.
Ela é a própria rosa.
De pensamento à prosa
Com sorriso e com careta,
Nas palavras: borboleta,
De alegria e de terror.
Tudo tem o seu valor.
Ela é doce feito a uva.
Leveza e frescor da chuva.
É poesia e é amor.

 
Interação do muito querido Poeta Olavo.

Esse teu jeito de escrever 
De abraçar quem te lê
Deixa-nos sempre bem atentos
Pelo que trazes no evento.

O seu rosto não engana
Nesse sorriso tão atraente
Que a sua alma tão humana
É um aconchego pra gente.