Esquizofrenia coletiva

Esquizofrenia coletiva.

Hoje enquanto trabalhava, entre um breve período de descanso e outro, eu dava uma entrada nas redes sociais para acompanhar os protestos realizados durante o dia em apoio ao governo de turno. Um bando de gente vestida de verde e amarelo, com bonecos gigantes, e frases de efeito em apoio ao presidente, o ex juiz, ao economista da república e ao resto da turma.

Como pertenço ao grupo dos chamados isentões, tenho amigos nos dois espectros do debate político que nos dias atuais são mais comuns do que discussões sobre times de futebol. Prática essa que em sí (discutir política ao invés de futebol) já considero uma evolução de nossa rotina cotidiana. Eu por exemplo sei mais nomes de ministros do que de titulares da seleção brasileira atual.

Bem. Voltando ao motivo da crônica, e deixando de lado o devaneio do parágrafo anterior, gostaria de dizer que ao observar os dois bandos cheguei a conclusão de que vivemos um momento em que as percepções dos fatos estão alteradas. Fatos banais que deveriam ser objetivos, como por exemplo o número de manifestantes, e os objetivos das manifestações são quase impossíveis de atinar. Afirmações opostas umas as outras. Isso faz questionar, se realmente é saudável a discussão, se estamos realmente melhor discutindo política do que futebol. Mas creio que é só uma fase necessária, antes de entrarmos em uma fase mais esclarecida de nossa vida social. Temos que passar por isso para chegar mais adiante. Em outras palavras estamos percorrendo o caminho que outras nações mais desenvolvidas já percorreram. Dedos cruzados.

A verdade objetiva me parece ser a de que simplesmente os atos de hoje não passaram de um contra protesto realizado em oposição aos realizados há cerca de duas semanas, em oposição ao governo. E se forem isso. Os governistas saíram perdendo, pois me parece que os desta manhã tiveram menor impacto, menos abrangência, e objetivos menos claros, além de demonstrarem a divisão que os grupos pró governo vem sofrendo desde Outubro do ano passado. Díficil dizer quem é quem, e o que querem.

Aguardo com curiosidade o dia de amanhã, com a certeza de ver os efeitos dessa esquizofrenia coletiva estampada nos meios de comunicação. Os que apoiam afirmando o sucesso da empreitada, e os contrários se regozijando do seu possível fracasso.

Eu. Daqui do meu posto observo o que já afirmei. Que para os governistas foi um fracasso, pois passaram de um sucesso retumbante nas urnas, a um estado que para dizer o mínimo já está dividido, e cheio de pessoas que sequer sabem expressar os motivos pelos quais estão protestando. Ou talvez seja minha visão que não seja tão isenta assim afinal de contas.