Destravando a língua

Destravando a língua

Prof. Edson Gonçalves Ferreira (Ms)

Com a chegada dos novos meios de comunicação, sobretudo a Internet, dar aula de Língua Portuguesa tornou-se mais difícil se o professor não considerar que não existe, de verdade, uma língua única, mas uma variedade de línguas que têm um mesmo denominador comum: a gramática da Língua Portuguesa.

Toda língua é uma questão de uso, ou seja, da prática constante e, nos meios de comunicação, existem diversas situações que pedem, como já enfocamos em artigos anteriores, o respeito para com o uso de variantes diferentes. Havemos, contudo, de considerar que, quando se trata do Jornal Nacional, de textos oficiais, situações formais, a variante privilegiada é a Norma Culta.

Dizer que os meios de comunicação são nocivos para o estudo da língua é uma impropriedade como também é impróprio considerar como norma tudo quanto é escrito ou falado nesses mesmos veículos. O professor precisa mesmo interagir com toda esta multiplicidade de variantes para, depois, mostrar para seu aluno que, para a prática formal da língua, ele precisa valorizar a Norma Culta.

É necessário recordar que as pessoas, quando conversam, não refletem sobre as regras gramaticais. Sim, todos aprenderam a gramática da língua que falamos aos poucos, desde a nossa infância. Todos possuem a gramática internalizada enquanto falantes de sua língua natal. Assim, saber comunicar-se através da língua falada não é uma coisa que depende da escola totalmente.

A Escola é o local para onde o indivíduo vai para dar conta de compreender os mecanismos que já utiliza na sua vida prática. O professor é aquele que possibilita este casamento entre o fazer e o saber científico. A família é ou deveria ser parceira da Escola para que, desde a mais tenra infância, o aluno começasse o saudável hábito de ler jornais, revistas e livros.

O professor não só ensina, mas também aprende com seu aluno que traz outras variações da língua. A grande preocupação, hoje em dia, é o afastamento das pessoas dos livros, da língua escrita e do cultivo do estudo de sua língua natal através das gramáticas que fixam regras dentro da Norma Culta.

Esse mundo globalizado, a todo momento, traz palavras de origem estrangeira que precisam se aportuguesar para que não percamos o nosso idioma pátrio. E para esse fenômeno de aportuguesamento fonológico e gráfico aconteça, gastam-se décadas e mais décadas.

Quando isso ocorre, muitas vezes, não se percebe o uso de estrangeirismo. Bom atentar para o fato de que os empréstimos lingüísticos só fazem sentido quando necessários. Isso ocorre quando surgem novos produtos ou processos tecnológicos. Mesmo assim, esses empréstimos devem ser submetidos ao tratamento de conformidade com os hábitos fonológicos e morfológicos da língua portuguesa.

A imprensa tem a tendência de utilizar, de forma apelativa, expressões: como teens que poderia ser substituída por adolescentes; high technology system que poderia ser traduzida para sistema de alta tecnologia. Usar o inglês como puro enfeite não é bonito e, ainda é sinal de desprestigio para com a língua pátria e, portanto, deve ser evitado.

Hoje, as empresas, com a modernização dos meios de comunicação, solicitam funcionários que tenham domínio da Língua Portuguesa e, ainda, conhecimento de outro idioma. Nesse caso, tanto o professor quanto o aluno têm maior responsabilidade porque o segundo se espelha no primeiro e, quando nota que o professor não possui um certo domínio da língua escrita e falada que leciona, que não está articulado com o novo mundo da comunicação, se sente desmotivado.

Reconhecer o novo mundo onde as línguas agora se relacionam com mais freqüência é vital para que não tenhamos medo de ouvir, falar, ler e escrever. Afinal, voltamos a enfatizar: só se aprende uma língua mesmo, exercitando-a.

* publicada no Jornal Agora, em Divinópolis, MG e cópia registrada.

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 24/09/2007
Código do texto: T666206
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