Quando Uma Morena Escreve...



Então chega o mês de junho
Uma moça colhe as flores de São João
E escreve de seu própio punho
Crônicas românticas para quem desacredita em ilusão
As moças que te dizem " sim"
Nasceram com cabeça, tronco e membros
Mas o que as diferem de mim
É a força de meus sentimentos
Não importa que a inocência meus sonhos de menina roube
A multidão não seguirei rumo ao açougue
Receber o sol sozinha todo dia não é problema
Pois não existe inverno
Na pele macia de uma morena
Acordo já sentindo o cheiro da terra
Na roça semeamos sempre a paz e nunca a guerra
Cuidando dos animais com primazia
Nem vejo passar o dia
Mas ele faz questão de me avisar
Que tem outro alguém do seu lado
Escondo as lágrimas dentro do meu olhar
Para derramá-las...
Na plantação de sorgo que alimentará o gado
Viver sem o romantismo não consigo
Moça solítária de vestido
Que descobre que o preço de não seguir a multidão
É viver acompanhada pela solidão
Toco com carinho a flor do sorgo que é delicada demais
Não é preciso ter olhos
Para enxergar que o amor no mundo jaz
O imagino seguindo no cortejo da mesma procissão
Daqueles que pensam que moça simples
Nasce isenta de sedução
Então lanço um olhar sôfrego ao céu
E sinto como se a poesia
Cingisse com braços fortes a cintura de Raquel
E ali em meio aos cachos de sementes
Ouso sorrir
Como se você estivesse aqui na minha frente
Não tarda e o vejo sair daquela fila indiana
Ao perceber que cortei o sorgo
E com as ramagens fiz uma rústica cama
Aquele velho moço tenta vencer a resistência do feno
Sem saber que guardei para ele todo o meu corpo moreno
Então finalmente ele entende a beleza de um " não"
Pois não basta possuir cabeça, tronco e membros
Se a moça não tiver muito amor no coração...








                                                 




 
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 02/06/2019
Reeditado em 02/06/2019
Código do texto: T6663173
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