Uma Hora Você Acerta!

As decepções são passageiras; a esperança é infinita. Jamais desistirei de um sonho, seja ele qual for. Tudo, ou quase tudo o que sonhei aos 25, consegui aos 40, ou seja, ser eu, um eu autêntico e autônomo.

Sobrevivo em qualquer lugar e em qualquer situação. Já passei por coisas, ouvi e vi coisas que fariam qualquer cidadão de respeito perder o bom-senso e partir para a ignorância. Suportei ofensas calado, refletindo, analisando o momento. Nenhuma ofensa é capaz de te afetar se você não permitir. Essa máxima carrego comigo em minha profissão e em meu dia a dia, o relacionamento com a família, os amigos ou mesmo na fila do banco. Filas, filas, problemas, problemas, dias de cão, dias quentes, dias sem graça ou sem sentido. Tive vários. Tenho uma coleção deles guardada em uma caixa dentro de meu inconsciente. Nada, não sei porque nem como, afetou meu coração. O ódios e os desesperos humanos, demasiadamente humanos, como diria aquele filósofo louco alemão, não entram em meu peito, não se arraigam em minhas entranhas. Não que eu não as permita entrar ou que tenha feito um bloqueio para tanto, que seja blindado ou algo do gênero. Não fiz análises e nem terapias sobre o tema. Isso vem de mim, de minha essência de pensar e ver o mundo e as pessoas ao meu redor.

"Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor", como cantou Raulzito, é uma das frases que melhor me resume como pessoa e cidadão.

"Às vezes te odeio por quase um segundo, mas depois te amo mais", de Cazuza, é outra que me completa.

Sou assim, nasci assim, me formei assim, enxergo a vida assim. Não consigo ter ódio, não consigo odiar. Para mim é um sentimento inferior, mesquinho e supérfluo, um sentimento passageiro.

Talvez por um erro ou uma mera falha genética, isso não me cabe, não assimilo maldades, mas tem horas que penso que deveria sim ter sido "mal" em determinados momentos, mal ao menos para o meu bem.

Mas não...

Se eu me fodi, digo que sim, mas não houve uma fodida sequer que não me servisse como lição de vida.

Fodi-me ao me casar mesmo sabendo do temperamento da mulher e muito menos o que era um casamento. Os dois primeiros anos foram ótimos, com poucos contratempos. Fomos felizes por um tempo, e isso valeu! Além de que, sem o casamento não teria a filha mais linda e carinhosa que um pai pode ter. Apesar dos pesares, tive que me foder para conhecer o amor de um pai para com sua filha.

Fodi-me em outro relacionamento pós casamento! Sim, foi o melhor relacionamento que tive até hoje, a mulher a qual mais amei e me doei. Fui dela e por um tempo tive a certeza de que ela também era minha, que seria minha mulher pelo resto de meus dias. Mas não, deu errado de novo. Dessa vez não cheguei a me casar e nem ter filhos, ambos temos os nossos. Estava tudo bem até que... Até que nossos gênios fortes entraram em contenda. Foi uma dura decepção, uma nova decepção, um golpe, uma punhalada no coração.

A dor que senti e ainda sinto me deixou com um buraco no peito, um vazio sem explicação e com receio de entreter novos relacionamentos. Acho que não quero mais amar! Às vezes penso isso, mas no fundo sei que não consigo, que preciso de alguém! Mas aprendi também! Aprendi a melhor lidar com as pessoas, a controlar meus ânimos e conter alguns acessos de fúria. Além da aprendizagem, senti por um tempo o que era o amor de verdade entre um homem e uma mulher, o que não havia percebido até o auge de meus quarenta anos, por incrível que pareça. Amei sim (e ainda amo!) aquela mulher, e muito!

Por mais que a gente se sinta sozinho em meio às pessoas, num mundo frio, todo trauma, toda decepção e mesmo as tristezas delas decorrentes, se forem interpretadas como uma lição, a dor tende a diminuir. Não faça mais isso!

Foi preciso passar por essas tristezas para aprender que perder faz parte do jogo e ficar lançado na cama só vai piorar as coisas.

Pensando assim e correndo (literalmente) foi que notei o valor da dor. Sem ela não haveria mudanças na história da humanidade e talvez estivéssemos até hoje na idade das trevas.

Mas ainda quero ser feliz de novo!

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 03/06/2019
Código do texto: T6663974
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