Breve Reflexão Sobre o Vazio Existencial.

Lembro-me que deitei de costas na grama, cruzei os braços atrás do pescoço, olhei para o céu bem azul daquela tarde de inverno e pensei: eu não sei mais o que fazer!

Estava ali em meio àquelas pessoas, porém sozinho, analisando suas formas e maneiras atabalhoadas de arrastar a vida, cada um pregando sua crença, sua certeza, sua convicção. Era uma grande porra! Todos sabendo que vão morrer, mas incrivelmente preocupados com o final do seriado, o mandato do Bolsonaro, a cadeia de Lula, o camaleão dourado, a Mega-Sena de quarta-feira, o campeonato brasileiro de Jiu Jitsu, a missa das seis, a queda da bolsa de valores de Berlim, a namorada que se foi, a mãe morrendo, o pai morrendo, milhares de pessoas morrendo a cada segundo no mundo. Eles vivem como se fossem eternos! Foi sempre assim! O dinheiro, o poder, a ganância e a beleza sempre foram as desgraças do homem. Luta por dinheiro, mas quando consegue, vê que não é o suficiente e quer mais, quer sempre mais. A gana desenfreada por dinheiro é uma doença sem diferença à dependência de qualquer substância química ou álcool. Geram estados e transtornos paranoicos analógos. Com o poder é a mesma coisa. É ridículo ver um político se vendendo e tentando angariar votos em tempos eletivos. Uns dão até a bunda por um voto. Fico vendo aquilo e sinto vontade de esganar o sujeito, mas sei que não posso. A beleza, tanto a física quanto a interior, são também ambições voltadas ao ego. Fingem sempre! Estão morrendo, caindo aos pedaços, fedendo, ajoelhados e pedindo a algum deus que os livre da perdição, dos pensamentos destrutivos, dos inimigos, do mau olhado, da miséria e até de si mesmos. Este mesmo Deus cansado olha tudo calado, com lágrimas nos olhos e pensando: que grande merda eu fui fazer! Devia ter me contentando com os chimpanzés!

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 12/06/2019
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