O FIM DO DINHEIRO

Aurélio foi a um Food Truck. Pediu um lanche e comeu, mas quando foi pagar...

— O que é isto? — Pergunta surpreso o comerciante.

— Como assim… ISTO?

— Este papel.

— Tá de brincadeira, né? Você não reconhece mais uma nota de 50 reais?!

— Pra ser bem sincero… não. E para ser mais preciso, o Banco Central também não reconhece há pelo menos cinco anos.

— HÁ! HÁ! HÁ! Cinco anos? De que planeta você é, amigo? Desde que me conheço por gente o papel moeda é o padrão nacional e internacional. Não sei de onde você tirou essa história de o dinheiro em cédulas não ser mais válido!

— Pera lá! Você deveria saber. E não foi de uma hora para a outra. Primeiro mudaram para cartão digital, depois para a íris dos olhos, e agora… é você todo!

— Um momento, você disse EU TODO?!!!

— Por onde andou, rapaz? Foi abduzido por um E.T.?

— Mas, mas, eu… eu…

— Olha aqui, não sei o que lhe aconteceu, mas, você não parece estar mentindo.

Ops! Um momento. Vou atender aquela cliente ali e já volto.

O homem vai, prepara um suco de laranjas e um dogão para a moça. Ao entregar o pedido, a cliente ficou parada diante de um scanner digital, semelhante aos utilizados em supermercados. Ela disse seu nome, o scanner emitiu uma luz neon que percorreu-lhe a silhueta de cima a baixo. Tal procedimento capturou digitalmente o valor da despesa do saldo de sua conta bancária. Seus sinais vitais foram conferidos de imediato e um BIP foi emitido. Ela agradeceu e foi embora.

— Aurélio olhou aquilo tudo sem entender. Sentou-se em um banco e, de queixo caído, pensou: eu acho que tive um BUG, TILT ou seja lá o nome que for.

Neste momento, uma voz gritada de longe festeja o nome de Aurélio!

— FAAAALA, SUMIDO! TUDO BEM? Que roupas são essas? Sua mãe me disse que você apagou depois que bateu a cabeça numa partida de footsal, e depois de um tempo sumiu por esse mundo. É sério?!

— EU APAGUEI?! — Carlos, o visitante, aproximou-se de Aurélio.

— XIII! Acho que sim — brincou.

AMIGO, (dirigindo-se ao comerciante) a conta dele eu pago, ok?

— E após os acertos, Aurélio seguiu para o carro de Carlos que lhe prometeu uma carona até a sua casa. — PUXA! Que legal vê-lo novamente!!! E aí, cara, que louco, você voltou e queria pagar a despesa do lanche do Food Truck com 50 reais EM PAPEL?!!!

— Sim, a nota estava perdida no bolso de minha calça há um tempão e…

— Acho que perdido estava você! HÁ! HÁ! HÁ!

Ao chegarem na casa de Aurélio foi a maior alegria. Todos vieram abraçá-lo e queriam saber por onde ele tinha andado. Como pôde sumir por cinco anos!!!

— Bem que desconfiei daquela clínica. — Disse irritada a mãe de Aurélio a Carlos!

— Lembra-se onde ficou, filho? Pobrezinho. Que saudades!!! Dê cá um abraço na sua mãe!!!!!

— Só sei que era um sítio, mãe. Gente simples, o dono um matuto. Por lá fiquei com eles vivendo da terra, das plantas e dos bichos. Perdi a noção do tempo. Esqueci do mundo.

Numa manhã, senti uma luz e um som bem dentro de minha cabeça. Me despedi deles cedinho e caí na estrada. Acabei chegando na cidade. Me deu fome e fui comer a primeira coisa que encontrei com a grana que tinha na calça. Deu no que deu. Por sorte, encontrei o Carlos e vocês da minha família. Puxa! Que maravilha!!!

— Tadinho! Imagino o susto que levou quando descobriu que não se usava mais dinheiro, filho. Foi a melhor coisa que poderiam ter feito. O governo conseguiu mapear todo o dinheiro dos corruptos e tudo que era ilegal perdeu o valor. Agora, valem os sinais vitais de cada um, tudo é escaneado e todos têm um C.C - Controle Central - que impede fraudes e a malandragem de ilicitar valores.

— Bom né?!! E melhor agora com você de volta… FELIZ, SÃO E SALVO!!!