Alucinado

Era terminado o meu segundo casamento. Havia recebido uma proposta de trabalho irrecusável. Estava solteiro e com a conta bancária recheada. O porvir indicava Comunidade Terapêutica. Naquele momento havia deslumbramento. Conheci dois talentosos rapazes na pérgula da piscina do condomínio que morava. Um deles me ofereceu um quadro, de sua própria autoria, pintado com caneta hidrográfica. Enquanto o outro me ofereceu um “doce”. Satisfiz os dois rapazes. Logo que o “doce” bateu, a tonalidade da tela realçou e o quadro ganhou existência própria. Fui para o Shopping comprar o ingresso para o show de Lulu Santos que haveria na cidade. No caminho, fechei um caminhão que não me dava ultrapassagem e dei de cara com a roda traseira. Rodei na pista e pelo anjo da guarda não vinha ninguém na pista contrária. Comprei o ingresso, mas não fui ao show. Descobri uma turma de amigos em um aniversário de criança. Sentia o homem mais lindo do mundo. As cadeiras dispostas em círculo se transformavam em um belo carrossel. Daqui a pouco comecei a incomodar o dono da casa. Os meus ponteiros não estavam girando direito. Pedia pra ele sair, pra ir comprar alguma coisa pra mim... Aquele moço era paciente, não me destratou. Descobri que ele era policial. Deixei a festa e como não conseguia aquilo que eu não sabia o que era, procurei um posto policial no centro da cidade para me entregar. Encontrei fechado e fiquei ali na calçada aguardando alvorecer. Quando passa um amigo e para no semáforo e me vê ali moribundo e pergunta o que faço ali tão cedo naquele horário, eu respondo: - Estou esperando a polícia abrir pra me prender!

P.S.: Atualmente sou palestrante em Comunidades Terapêuticas e aqueles dois talentosos rapazes são proprietários da comunidade “Instituto Filhos da Luz”, em Montes Claros, Minas Gerais.

 
Edras José
Enviado por Edras José em 13/06/2019
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