Você
Quando você partiu,eu parti também.Dentro de mim tudo se partiu e morreu.Eu já não sabia o que eu era,quem eu era,pra onde iria.Eu que me tornei sua mãe.
Era difícil isso.Definir quem eu era.Vivi a experiência de ser mãe quando nasci.Era complexo,confuso,contundente,convexo e contido.Uma lágrima por dia,uma dor por hora e uma loucura por segundo.
Você sempre foi mimada,ingênua,frágil,desprotegida.Era minha artista preferida.Maravilhosamente louca.
A tua patologia permitia que você vivesse num mundo particular,o mundo dos teus delírios,das tuas alucinações e dos meus martírios.
Eu que te amei desesperadamente.
Lembro da tua pele infinitamente clara que a luz do dia castigava de forma implacável.Pálida como a lua.Minha Branca de Neve.Seus cabelos louros,o Sol inefável dos teus cabelos.Herdei de ti a fé cega,a poesia e a tua coragem insana.
A coragem doentia de enfrentar um exército inteiro,de afrontar a vida sem medo.Eu procuro seguir seus passos,como se procurasse você.Não sei onde você está.Não sei onde estou.Não sei onde estaremos.
Metade do que sonhamos não faz sentido,metade é loucura.A outra metade é Amor.
Sou alguém que te amou,jamais te esquece.Sou marcada por tua partida,inconformada com tua ausência.
Sou alguém que carrega a dor e a ferida de um dia ter perdido você...