No alto, o luar

Estamos no São João, quadra junina, tempo muito especial para o povo, para nós. Como alegre é este período. Sim, ficamos animados, felizes.

É a cultura popular, espontânea, de gente simples. Corações abertos, a se contaminarem uns aos outros. Sem limites – que maravilhosa é esta festa!

Saudoso, recordo a fase de garoto, ouvindo as músicas – forrós, baiões, a zabumba, os triângulos, sanfonas.

Gostava muito dos bois-bumbas. Gostava de verdade, e até sentia um pouco de medo.

O quebra-pote, pau-de-sebo, corrida de saco, as quadrilhas. As meninas – e seus vestidos coloridos. Pares a dançar, requebrar, mãos dadas. Bandeirinhas, foguetinhos, balões

E lembro de alguém, Ana Lúcia. Baixinha, bonitinha, ria bastante. Ela e eu dançávamos animadamente. À casa dela ia comer bolo de macaxeira com limonada, comer canjica, espiga de milho.

Quão maravilhoso fora o São João de outrora, dos tempos de adolescente, de menino passando à juventude.

Ana Lúcia e eu, nós dois, dançando, alegres. Nos abraçando, tomando mingau, comendo bolo

E lá em cima, no alto, as estrelas, o luar, o vento suave. E os amigos e amigas, tamanha espontaneidade. Era noite junina, o São João.

Que para trás ficou.

Lembro bem dessas noites, lembro bem de Ana Lúcia.

Salatiel Hood
Enviado por Salatiel Hood em 19/06/2019
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