Momentos I

O momento não é para a fala, ao contrário, é para um silêncio contemplativo, para um sentimento que eventualmente transborde, para o desejo, seus sons e seus cheiros.

Momento para aprender a ser livre, a quebrar as tábuas da lei, para sermos dois, mesmo distantes, para não represar mais a volúpia que arde dentro do peito, que leva sangue e oxigênio a todo corpo.

Atiçar os sentidos, enriçar os pêlos, sentir-se meio bicho, meio gente, ser liberto e libertar e libertar-nos , finalmente.

É chegado o momento, na noite fria de uma primavera insana, sermos nós também insanos pássaros libertários.Libertar, libertar-lhe, libertarmo-nos, todo tempo, o tempo todo, nos silêncios que rompem em gritos de prazer no meio da noite, à dois, os dois, todos, a humanidade. Não há humanidade livre se nós também não formos.

No mais, apenas o silêncio da noite fria de uma primavera insana!

André Vieira
Enviado por André Vieira em 25/09/2007
Código do texto: T667799