O ESTAGIÁRIO E O CIANURETO

O rapaz estagiava num grande fabricante de bebidas, trabalhando num Centro de Distribuição.

Certo dia foi convidado a conhecer a fábrica de onde saíam os milhões de litros de refrigerantes, sucos, energéticos, chás etc., que aconteceria numa sexta-feira.

Aquela unidade era a maior do mundo e dá pra imaginar o tamanho dos equipamentos, funcionando 24 horas por dia.

O rapaz com outros colegas foram guiados por todas áreas de produção, sempre respeitando os protocolos de segurança de praxe para evitar os acidentes.

Chamou atenção do rapaz um setor de onde era iniciado todo processo de produção, uma caixa metálica de 2 metros quadrados que ficava no topo de uma escada de 10 metros de altura.

Ele ficou tão fascinado com aquela caixa, que pediu pra subir os degraus da escada e fazer uma foto panorâmica do topo.

Como era um pedido um tanto inusitado, o funcionário consultou a chefia da segurança que liberou excepcionalmente para que fizesse

a foto do alto da escada.

O rapaz subiu rapidamente, fez a tal foto e desceu.

A visita continuou cumprindo seu programa até o encerramento, onde todos puderam degustar as bebidas produzidas lá até não se aguentarem mais.

Na segunda-feira, o rapaz reassumiu seu posto no Centro de Distribuição.

Depois de uma semana, logo que começou o expediente, pediu pra falar com o Diretor Geral daquela unidade, pois tinha algo extremamente grave pra lhe comunicar.

Não era comum o Diretor abrir espaço pra conversa com estagiários, mais diante daquele pedido inusitado, mandou chamar o jovem funcionário.

A conversa fez o Diretor tremer na base.

O rapaz lhe confessou que jogara uma cápsula de cianureto concentrado num vão da caixa metálica.

Ele conseguira a cápsula com colega que estava no último ano de Química, com quem dividia um quarto numa República.

Informou ao Diretor que a capacidade letal daquela cápsula concentrada de cianureto era imensa, podendo matar até milhares de pessoas em poucos segundos.

E quando fosse diluída numa quantidade maior de líquido, seu poder ficava exponencialmente maior.

Ou seja: passados 3 dias de quando ele jogou a cápsula de cianureto na caixa metálica, a droga já tinha se misturado aos milhões de litros de bebida que, naquele momento, já tinham sido engarrafados e distribuídos para os mais diversos clientes.

Certamente começaria um efeito dominó de pessoas morrendo uma atrás das outras logo no primeiro gole.

O Diretor passou a ter uma taquicardia e a suar abundantemente diante da catástrofe que estava por vir.

Essa tragédia em massa iria causar danos irreversíveis à tradicional marca mundialmente conhecida, ocupando manchetes de jornais e sendo sopa no mel pra concorrência que tiraria o maior proveito do incidente.

Possivelmente seria o fim da empresa que acabaria quebrando pra indenizar as milhares de famílias das vítimas.

Tudo estava perdido. O caos estaria instaurado. Anos e anos de trabalho jogados no lixo. E tudo por causa de uma atitude irresponsável de um estagiário que, em minutos, acabaria causando a morte de tantos inocentes. Foi quando que...

- Triiiiiiiiim....

O alarme do celular tocou e o rapaz se deu conta de que teria que deixar aquela cama quentinha pra encarar mais um dia de batente.

Tarefas rotineiras, algumas bem maçantes, o aguardavam no Centro de Distribuição.

Ter bebido um pouco demais com os colegas do serviço no meio da semana fez com que dormisse mais profundamente do habitual e pudesse ter um sonho um tanto estranho.

Talvez esse sonho tivesse sido provocado pela ansiedade.

Afinal, naquele dia, sua rotina seria diferente: iria conhecer a fábrica da sua empresa, de onde saíam milhões de litros de bebidas todos os dias.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 23/06/2019
Reeditado em 15/05/2021
Código do texto: T6679520
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