UM CARRINHO VERMELHO PARA AS DUAS GÊMEAS

Uma especial encomenda feita no Brasil chegou ao quarto de hotel aqui em Nova Iorque (é super normal um amigo pedir a outro amigo que lhe traga algo como um pequeno volume em uma viagem).

Pus-me a pesquisar o que seria aquilo enorme e pesado que chegara trazido com esforço pelos entregadores (Que foram dois, tal o peso do embrulho).

Confrontando as especificações impressas na caixa (Caixão seria mais apropriado), vi finalmente no Google (estava lá, acreditem - esse Google é fada) a imagem do que seria aquilo montado com todo seu resplendor.

Caríssimos, uma coisa mais linda: todo vermelhinho; quatro rodinhas montadas sobre delicadas hastes que as ligam ao quadro metálico de onde ascendem dois arcos próprios para solidamente segurar o tecido que envolve tudo isso, dando uma aparência deslumbrante e soberba elegância ao veículo (acho até que necessitará de emplacamento).

Todo esse aparato justifica-se para abrigar duas cadeiras idênticas que levarão confortavelmente sentadas as duas gêmeas não idênticas, por isso os zelosos pais as querem confrontar diuturnamente, para que jamais esqueçam que são irmãs (acho até que elas serão lembradas na posteridade como as meninas do carrinho vermelho).

Como não possui força motriz entrópica, o veículo carece de ação antropogênica (aquela cuja energia provém da matéria prima arroz com feijão..., o baião nosso de cada dia)( comer brioche e filé não dá sustança..., vai sobrar pra alguém, estou pressentindo), sendo esta viabilizada por uma longa haste encimada por belo punho que facilita a sua arrastadura (deve ser esse o termo que define o ato de impelir movimento a um objeto tão bem conformado),(lembrei sem razão daqueles vendedores de bugigangas: pufes, cadeiras, espelhos).

A utilidade da coisa ressaltar-se-á no nosso Ceará cangaceiro quando virem passar, conduzidos pelos sorridentes e orgulhosos pais (Força André!)das "gêmeas do carrinho vermelho"(aplaudidíssimo pela vovó"sexssagenjovem"..., tá ótimo, filho!), aquela engenhoca empanada que, por certo desfilará por,... digamos; longos dois meses no parque do Cócó(a cada 15 dias, utilizando a ciclovia que o circunda..., só se for) fazendo o povaréu acorrer em levas e levas para junto da novidade, esse grande ícone da pós-verdade alencarina, para tirar fotos, flashes, selfs, faces... É o que vale tamanho investimento (Né não?).

thiticobomfim
Enviado por thiticobomfim em 29/06/2019
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