Eu gosto de observar

Eu gosto de observar.

Tudo: pessoas adultas, crianças, animais, tudo. Nem sempre com um olhar cristão; às vezes com um olhar crítico, às vezes tedioso, invejoso, entediado, sábio.

Não sei por que faço, mas sinto-me estranhamente inclinada a isto.

Este ato me conduz à reflexão tanto da minha vida e das minhas ações quanto das pessoas que conheço e convivo.

Pode ser que isto me torne mais humana ou talvez nem contribua tanto assim, mas o fato é que isto é como um vício ou tique; e o que quer que seja, tanto contribui para minha satisfação quanto para minha angústia. O hábito da reflexão pode ser um dom, mas também um fardo.

Por vezes, já me flagrei a pensar, tentando achar soluções ou mesmo equações para questões que eu nem mesmo sabia que existiam. Às vezes, falo coisas automaticamente, que nem sei de onde vêm.

Outrora eu reproduzia pensamentos, uma vez que lia muito, mas e agora que quase não o faço? É assustador!

Outrora também, eu falava, ainda que só, com um espelho ou ainda, com uma folha de papel; agora, não tenho voz, sinto-me angustiada ao menor sinal desta realidade cruel. Dantes, eu vivia num paralelo; como quem trabalhasse numa cidade (realidade) e morasse noutra (meu próprio mundo). Toda vez que eu sentisse saudades de casa, era como pegar o telefone e ligar...

Hoje em dia, não posso mais voltar, pois não me lembro como.

Sinto-me aprisionada num mundo de várias responsabilidades.

Vez ou outra me vem uma lembrança, eu então a laço, interrogo; tento de tudo para voltar, mas só recebo um eco em resposta. Isto me lembra que meu tempo também passa; e quanto mais ele passa, menos esperança de voltar para esta casa eu tenho. E percebo isto observando! Penso que observar me alivia as saudades do que eu chamo casa, e reforça a esperança de um lá reencontrar a parte de mim que se perdeu.

Espontaneidade é a palavra-chave.

Não tente forçar sua alma a amar, ou viver; nem tente forçar tua natureza ser LIBERDADE, seja livre e deixe ser.

Ame a liberdade, e quando o amor chegar, ele se fará livre. A gente se acostuma a ter medo da liberdade por ela não ter regras nem manuais de instruções; e por medo da liberdade, aprisionamos e condicionamos o amor. Então o amor se modifica, deixando de ser amor para ser terror; talvez respeito com preconceito, rotina ou qualquer outra coisa, menos liberdade e mais saudade, senão maldade e infelicidade. (13/07/2007)

MARAIAH RINKEL
Enviado por MARAIAH RINKEL em 25/09/2007
Código do texto: T668579
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