O Batman, o coringa e o comissário gordon

O Batman, o coringa e o comissário Gordon.

Estamos em uma encruzilhada. Um momento de parar e refletir sobre os rumos tomados. Os eventos das últimas semanas demonstram uma falha no senso crítico da população em geral, e a velha pergunta que nos assombra há tanto tempo volta a superfície. Os fins justificam os meios?

Parece uma praga do terceiro mundo. Uma mania difícil de erradicar. Sempre que estamos a Beira de um passo adiante como sociedade, caímos na mesma armadilha e respondemos sim a pergunta postulada e cometemos os erros históricos que nos caracterizam como sociedade. Acreditamos que em nome de um meio nobre podemos passar por cima das leis e das instituições. E o pior, nem temos a dignidade de assumir os nossos erros. Jogamos em alguém a responsabilidade de agir por cima da lei em nosso nome. No final a história sempre termina por condenar esse alguém.

O que está ocorrendo com o ex juiz Sérgio Moro é um exemplo claro disso. Enquanto uns e outros discutem se os áudios são autênticos (O que até o momento não me pareceu ter sido negado por nenhum dos envolvidos), ou se o ex juiz está envolvido em um complô pelo poder jamais visto na história desse país, poucos são os que discutem o Real risco que corre a democracia.

Para mim o que de fato estamos discutindo é se aceitamos ou não que alguém passe por cima das instituições para atingir determinado objetivo. Não importa o que se discute as margens, ou os discursos de um grupo ou outro, pois a questão central são os valores democráticos em sí. E é engraçado perceber, analisando a nossa história recente, o erro sempre foi esse. Travestido das mais diversas ideologias, desde a proclamação da nossa independência. E parece que ao final repetiremos o erro. Fadados a repeti-lo.

O comissário Gordon deveria perceber enfim que o Batman é um psicopata como o coringa, e prender os dois para que pudéssemos seguir adiante com a nossa democracia.