A cada instante, mesmo à distração dos sentidos, tudo gira em torno de tudo, move-se.
É o grande poder da vida - é a transmutação - a energia e o espetáculo expansivo.

E por vezes estamos em nossos comas, a respirar os suspiros dos espelhos, enfrentando a própria imagem, rodeados por tudo o que contemplamos e nos contempla. [ Talvez morra-se em contemplação ]. Mesmo as formas subtraídas e abstratas nos violentam - Um despreparo pontual que nos impede de enxergar os obstáculos como "molas propulsoras" (atrasando assim a própria evolução).
 
Enquanto isso, fábricas de homens produzem deuses e semideuses aos milhares. Extraordinariamente embotados em seus alvéolos. Vivendo como seres especiais, superiores, soberbos e hostis. Pensando-se o umbigo do mundo por construírem plásticos-bolha, pássaros de ferro e cataclismos.
 Ao revés de qualquer harmonia, com seus imediatismos a medo do futuro. Mas que futuro ? Ninguém ficará para a semente ! A morte despertara de boca em boca !


O que me leva automaticamente às palavras de Allan Kardec - "Pela simples dúvida sobre a vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos sobre a vida terrestre; incerto do futuro dá tudo ao presente; não entrevendo bens mais preciosos que os da Terra, ele é como a criança que não vê nada além dos seus brinquedos; para obtê-los não há nada que não faça; a perda do menor dos seus bens é uma tristeza pungente; uma decepção, uma esperança frustrada, uma ambição não satisfeita, uma injustiça de que é vítima, o orgulho ou a vaidade feridos são igualmente tormentos que fazem da sua vida uma angústia perpétua, dando-se, assim, voluntariamente, uma verdadeira tortura de todos os instantes. Tomando seu ponto de vista da vida terrestre, no centro da qual está colocado, tudo toma ao seu redor proporções vastas; o mal que o atinge como o bem que compete aos outros, tudo adquire, aos seus olhos, uma grande importância. Ocorre o mesmo com aquele que está no interior de uma cidade, onde tudo parece grande: os homens de projeção, como os monumentos; mas que se transporte para sobre uma montanha, e homens e coisas vão lhe parecer bem pequenos".

O homem se extasia na ganância cinza, imerso em sono profundo, forjando a chumbo cicatrizes à alma humana.

Não cantam imensamente !, não alegram o sangue !, não trazem à realidade nem às suas casas fabulosas o amor imenso !, a delicadeza !, a sutileza !, a estrela fulgurante !!!

A grande maioria sequer se dá conta de que tentando possuir tudo, acaba sendo dono de nada ! Que para além de suas paredes e tetos, a verdadeira casa, a casa de todos, de céu azul seguido do escuro infinito, não contem fronteiras ! Mas que há uma luz violenta no regaço de um dia. Uma luz que ilumina ardentemente o fundo inexplicável de cada existência !
 
O homem está para a ambigüidade e a evolução assim como tudo à sua volta, mas se esquece de aperfeiçoar a sensibilidade antes do deslimite das pálpebras. Se esquece de acolher a música – o momento displicente da paisagem - Toda essa exuberante metamorfose que reluz dia após dia sob seus olhos.
Se esquece de apanhar de súbito os milagres pra inundar a vida !







 

Ouvindo somente o canto dos pássaros...
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 05/07/2019
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