Transmissão ao vivo

Acho que todos vocês estão habituados demais a ficarem em balcões de bares, onde as bebidas são preparadas na hora e ali, você vê se o garçom está realmente colocando a vodka que fica estampada na prateleira de vidros luminosos, se está utilizando a fruta fresca (que estava estocada mais de 2 semanas na câmera fria dos supermercados), ou indo muito a fastfood e suas cozinhas com paredes de vidros.

E ainda acho, que no seu trabalho as paredes também devem ser de vidros, o som dos seus sapatos entrando no seu apartamento informa sempre a sua chegada, antes do seu perfume. A foto do seu amor exposto, o amor que você traí, mas que ama com toda as suas forças, mas traí, o amor que te dá tudo, mas que você traí, por conhecer, por ser transparente como as paredes de vidros.

E este hábito de acompanhar cada passo de qualquer serviço, como se fosse uma criança que começou a dar os primeiros passos e tem que ter alguém ali, para ampará-la da queda ou ajudá-la a se levantar.

Este acompanhamento ao vivo, esta atenção redobrada a o que quer que seja, não foi feito pelo executor, e sim pelos seus olhos, audição, tato, paladar e visão ativa do espectador.

Virou uma segunda pele, um sangue correndo nas veias e você quer fazer isto com tudo. Com o padre da sua igreja, seus pais, seu computador na manutenção, seu irmão na Uti, sua tia no mercado, sua bolsa no sapateiro, seu ingresso na bilheteria online.

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 17/07/2019
Reeditado em 17/07/2019
Código do texto: T6697901
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