Contando com o ovo no cú da galinha (e a Reforma da Previdência)

Sei que contei com o ovo ainda no cú da galinha, e que a galinha nem é galinha botadeira, mas já fazia algum tempo - fora livros, discos e CD’s - que eu não comprava algo para mim mesmo. E não só de pagar boletos, contas de água, internet, terreno, Fies... vive o homem. Ou decerto, não deveria viver.

Vou ganhar um bônus em dinheiro no trampo por esses dias, assim que terminar essa obra no Lopes. Ao menos foi o que eles me disseram. Isso é, espero realmente que eles cumpram com a porra da palavra, pois o dinheiro, mesmo que eu ainda não o tenha recebido, já foi investido. Decidi, assim, de uma hora para outra, e comprei um toca disco novo com a grana prenunciada. Paguei 300 reais em um Raveo. No Extra. O mesmo supermercado que me presenteou como o Sapiens do Harari mês passado. Bela promoção, “compre um Toca Disco e ganhe, antecipadamente, um livro de brinde”. Estou me sentido muito contente por isso, por ter comprado um toca disco novo. O último que tive antes desse, minha irmã quebrou. A Vaca! O livro do Harari é muito bom.

Arrisquei. A prudência diz que o certo seria esperar, e caso realmente ganhasse o bônus, guardasse o dinheiro para os piores dias, que as profecias dizem estarem por vir. Tomará que não venham. Porém, nunca se sabe. A Reforma da Previdência foi para segundo turno, não foi? Há quem diga que pobre agora vai sofrer um pouco mais nas mãos dos empresários, dos patrões. Eu mesmo não confio em empresários, em patrão. Até hoje, nesses meus poucos 32 anos de vida, não conheci um que pensasse além do seu próprio lucro. Não que a Regulação do Estado seja lá essas coisas também. Mas, esse negócio de liberalismo econômico, Adam Smith, Mises, Hayek... sei não, viu. Veremos na prática. (Welfare state?). Se as coisas já são como são, sem toda essa liberdade que estão querendo dar para esses caras, imagine então como elas ficarão depois. Desconfio. Desconfio muito. O meu patrão por exemplo, comprou um carrão novo semana passada com o dinheiro que bem poderia ter sido um aumento para os Peões que trabalham para ele, inclusive, esse que vós fala. E antes que você me pergunte, o bônus em dinheiro que irei ganhar não sairá do bolso dele. Se eu contasse com a generosidade do Assis para finalmente comprar meu Toca Disco, certamente meus discos se decomporiam primeiro. E olha que plásticos em geral demoram mais ou menos 450 anos para se decomporem na natureza.

Mas como eu não tenho esse tempo todo de vida, aqui está meu Toca Disquinho, rodando meus Bolachões, alegrando meus dias... a propósito, deu a hora, tenho que ir trabalhar.

...Pensando bem, os filhos das putas acharam um jeito de me prender, pelo menos até o final dessa obra. Se não, adeus o dinheirinho a mais!

E a Reforma da Previdência, hein?

Tiago Torress
Enviado por Tiago Torress em 19/07/2019
Reeditado em 08/08/2019
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