O Livro.

Os livros salvam vidas. Quando digo isso estou me referindo às milhares de enrascadas que passei, enfrentei e me dei bem devido a muitas experiências vividas e refletidas nas leituras. Nietzsche me ensinou o poder da pujança, Sêneca e Confúcio me deram a paciência, Sartre e Camus, a indiferença, Dostoiévski e Tolstoi me escancararam a real hipocrisia humana, Steinbeck e Joseph Conrad me mostraram o desespero nos limites da loucura e a sobrevivência como único objetivo, um dia após o outro.

Assim aconteceu que graças a esses caras e outros me livrei inclusive da orte iminente. Verdade. Um dia, algumas semanas após meu divórcio, decidi tirar minha vida. Estava desolado, angustiado, arruinado... Iria tomar um coquetel de medicamentos e morrer ali mesmo, em meu escritório, em meio aos livros que adquiri ao longo da vida.Tranquei a porta, abri a gaveta da escrivaninha e, quando fui pegar os remédios, alguém bateu à borta. Tive que atender. Como num impulso, num instinto de profissionalismo, fui atender. Era um amigo (falecido no dia dois deste mês), todo sorridente, com um livro na mão me entregando. Era "A Cabana, de William P. Young". Conversamos um pouco, rimos bastante, como sempre acontecia quando nos encontrávamos e, quando ele se foi, dei início à leitura desse livro que me fez estar vivo aqui e agora escrevendo estas memórias.

A partir dali decidi não morrer mais.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 20/07/2019
Reeditado em 20/07/2019
Código do texto: T6700222
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