Dor nas costas e uma indiferença tomando forma

Tenho sentido a idade chegando a galopes. Dores aqui e acolá, sou sacudido pela inclemência do tempo. O que mais me incomoda é a dor nas costas, acho um absurdo que eu tenha que sofrer por me manter em pé, por caminhar e olha que nem carrego peso algum. Observando mais detidamente eu não carrego nada mesmo, e ainda vejo crescer alguns focos de indiferença de forma geral.

Acredito que isso tenha começado em coisas de pouca importância, como opiniões que chegam a você sem qualquer refino, do mar de bobagens da internet ou da sensação de ter jogado meus sonhos para escanteio. Venho empurrando minha vida com a barriga, acreditando que lá na frente tudo irá se resolver. Posso ver, porém, lá atrás um adolescente me olhando, questionando tudo que eu fiz -minha versão mais nova é meu crítico mais ferrenho- e tudo que foi abandonado no meio do caminho, sinto essa revolta que só um adolescente poderia ter.

Vou tentando equilibrar o ímpeto juvenil e as dores nas costas. Se ele soubesse como a vida é difícil talvez se apiedasse de mim, mas também é essa vontade de agradá-lo que ainda me move.