TURMA DE PRAIA
TURMA DE PRAIA
No meu entender, essa irresistível tendência de formarmos grupos é um dos mais fundamentais motivos dos seres humanos conquistarem essa hegemônica posição que temos em relação às demais espécies desse nosso planeta. Onde quer que estejamos, seja em casa ou em público, no trabalho ou na escola, sempre buscamos identificação com pessoas que possuam algo em comum conosco, seja de opinião, hábitos, educação, valores, etc. O conforto que sentimos quando estamos com amigos é inigualável. Nos sentimos acolhidos, entendidos, abrigados, nos despimos da timidez e do medo do ridículo, exprimimos nossas opiniões com facilidade mesmo que os amigos não concordem com elas. O mais interessante é a nossa capacidade de nos comportar de diferentes modos conforme as companhias que estão conosco, ao vivo ou virtualmente. Participamos de diversos grupos que têm conosco algo em comum. Há a turma da faculdade, da escola primária, da profissão, da empresa, do esporte, da infância, da adolescência, da família. Hoje há a turma do Facebook, do Whatsapp, do Instagram, do Twitter, do e-mail e, por sua vez, estas possuem subgrupos diversos.
Filosofia à parte, nossa alma precisa da convivência com outras com as quais possa entrar em sintonia. Reuniões com bons amigos são essenciais como alimento psicológico para reforçar nossas energias e renovar a mente. Reunião ao vivo, interagindo no grupo, trocando experiências e ideias, brincando, tristes com a más notícias e alegres com as boas. Especialmente com amigos que não temos formalidade, que sentimos liberdade de sermos nós mesmos, que nos conhecem apenas como gente, que não levam em conta se somos ricos ou pobres, se possuímos bens ou não, se somos autoridades.
Graças a Deus, posso afirmar, que participo duas ou três turmas assim. Amigos, apenas amigos e nada mais. Ou tudo o mais, é o que importa. Uma é a turma da praia. Aos sábados e domingos passamos quase o dia inteiro conversando. Lá pelas 10 horas, o pessoal vai chegando na barraca, senta e, aos poucos, começam as conversas. Fala-se de tudo: política, futebol, infância, juventude, casos e personalidades de Santos, recordações, gozações. Tudo irrigado com muita risada, cerveja, caipirinha e tira gosto. O papo rola solto. As mulheres conversam, os homens falam de assuntos diversos. Interessante: cada um é conhecido por suas características, reúnem-se advogados, engenheiros, músicos, empresários. Na praia, de sunga e sem camisa, todos ficam iguais. Lá pelas 5 ou 6 horas da tarde, alguns retornam à casa, outros permanecem até anoitecer. Voltamos com o espírito renovado, a alma limpa e grata de poder usufruir de amizades assim.
Paulo Miorim 22/07/2019