Minha alma cigana, mas nômade por engano, muda-se mais uma vez...
Minha alma cigana, mas nômade por engano, muda-se mais uma vez, mesmo sem querer mudar nada de lugar no mundo. Ainda assim, o universo me afronta cheio de ironias, fazendo-me transmutar-me várias vezes em dispares lugares aos quais deixo fragmentos de mim soltos nos meus diferentes andares percorridos. Às vezes, são objetos que deixo nas minhas casas perdidas, livros, cd, fotos e umas minúsculas gotículas de saudades espelhados em cada um deles.Também deixo uns latidos que ainda doem, a casa da infância e das primeiras felicidades. Aquela em que a cratera, minha infindável concubina de longa data, recebeu flores e as primeiras vozes infantis. Sempre quis o eterno, o imutável, porém por algum motivo a vida me dá o contrário: mudanças, mutações e modificações, mais uma vez, mudo-me. Deixo-me em frações pequenas de objetos em miados dolentes de uma gata dengosa e mais uma vez, deixo a mim em lembranças. Deixo-me, dolorida nas minhas luminosas vozes filiais das crianças crescidas da terra do nunca. Somente, deixo me ir...