Reminiscências

Lendo os textos dos meus amigos recantistas, observei que um morava na, pacata e saudosa, cidade de Uruaçu, no estado de Goiás, e reminiscências vieram em minha mente.
Estávamos no ano de 1987, tinha terminado o meu estágio e enviei currículos para algumas empresas. Não passou muito tempo, tamanha foi a minha alegria, quando fui convidado para trabalhar na Empresa Codemin/SA, uma empresa que produzia níquel, na cidade de Niquelândia, também no estado goiano.
Todo empolgado, esperançoso, estava eu na rodoviária de Brasília, aguardando o ônibus que me levaria até Niquelândia. Afinal de contas, era uma experiência ímpar, nunca tinha saído da minha casa, para ir trabalhar em outro estado.
O salário também, era outro fator que me contagiava. Como estagiário na USIMEC, eu ganhava apenas um salário mínimo, agora tinha uma proposta de salário, que girava em torno de dez salários mínimos, isso para mim, parecia um sonho.
Todavia nem tudo é um mar de rosas, quando o ônibus chegou, parecia uma jardineira de Mil Novecentos e antigamente. Aquela empolgação que até aqui era notória, transformou-se em apreensão.
O motorista dera partida no carro rumo à tão esperada Niquelândia, duzentos e setenta quilômetros era a distância que nos separavam. Olhei no meu relógio e os ponteiros marcavam sete horas. O sol era intenso naquele dia, o trajeto inteiro seria estrada de chão, poucas poltronas estavam vazias.
Mal começou a viagem, e observei que aquele ônibus, parecia mais um caça-níquel, sempre havia uma parada, e mais abarrotado ele ficava. O suor era intenso ali dentro, o ar ficara bem poluído.
No meio daquele vuco-vuco, lembrei da propaganda do sabonete Rexona, que passava antigamente: sempre cabe mais um, quando se usa Rexona. Parabéns para o criador dela, pois 37 anos se passaram, desde o seu lançamento, e aqui estou com ela na cabeça.
Não demorou muito, e começou a adentrar na jardineira: galo, galinha, gato, cachorro, papagaio. Até aquele presente momento, nunca tinha presenciado, algo como aquilo, era assustador, rs.
E assim ia aquela jardineira, pela estrada afora. O sol naquele dia, não estava muito disposto a colaborar conosco. Se não bastasse o Astro-Rei, tinha também a poeira e a urucubaca que baixou dentro daquele recinto.
E foi nesse batido da lata, por longas seis horas, até que finalmente, aquela jardineira chegou na querida e tão esperada Niquelândia. Assertivamente essa viagem ficaria marcada para sempre.
  
 

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 26/07/2019
Código do texto: T6705013
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.