A PAIXÃO É SÓ O COMEÇO NA CAMINHADA PARA O AMOR

A paixão é um sentimento altamente contraditório e perigoso. Ao mesmo tempo que nos traz tantas sensações maravilhosas também nos priva da razão e pode nos levar a fazer coisas no mínimo questionáveis – sim, aquele tipo de tatuagem –. O neurocientista Pedro Calabrez define a paixão como um estado temporário de demência, e nisso sou obrigado a concordar. Eu adoro me apaixonar, sinto que algo é revivido, as cores e coisas ficam mais intensas.

E eis que por vezes caio na armadilha de confundir paixão com amor. Isso acontece quase sem que eu perceba, esqueço que não se pode viver com aquela intensidade de sentimentos para sempre. E quando vejo outros casais fazendo o mesmo penso: Errou Feio, Errou Rude. Titio Bauman que nos acuda, mas essa liquidez nos faz escorregar nesse tipo de armadilha. Acredito que não nos preocupamos mais em construir as coisas, a ansiedade por resultados imediatos cega e acabamos por nos satisfazer com o aqui intenso e... perene.

O amor exige algo mais, no mínimo mais dedicação e abnegação. Nunca deve ter sido fácil se jogar no escuro, sem garantias de retorno, se doar para o outro de corpo e alma. Hoje em dia realizar esse tipo de proeza beira o insano. Daí a troca de dizer Eu Te Amo agora, ao invés de dizer isso quando o AMOR realmente tiver sido construído – às vezes nem se constroem as bases para tal – e tudo bem. Há os caçadores desse sentimento intenso chamado paixão, que quando a paixão acaba vão em busca de mais disso, em outros lugares e tudo bem também. Não poderia exigir a volta de um amor mais puro – se é que isso exista – ou que as pessoas se revoltassem com as coisas do jeitão que estão, é muito mais um relato do que observo.

Enquanto isso eu ficarei testando os limites da minha paixão e desejando sabedoria para construir um amor.