A Felicidade é um Sentimento Solitário.

Às vezes penso na loucura do Mundo, a loucura dos homens, a minha loucura contida de quem olha antes de falar. Sou um louco moderado. Minha loucura é mais comigo mesmo, dentro de minha cabeça, de meu ser. Minha alma festeja em determinados momentos que nem o mais perspicaz dos gurus da psicologia conseguiria distinguir se estou feliz ou triste. Na maior parte das vezes sou feliz sozinho.

A felicidade de quem, ouvindo o som da persiana sendo balançada pelos ventos de uma manhã de inverno, e a serra da marcenaria ao lado incessante e incisiva dentro de sua cabeça, lutando ao mesmo tempo para controlar os pensamentos pra bem longe da pessoa amada que lhe fez mal e, de alguma forma, mesmo que mecânica, dar andamento nesses processos cujos prazos se escoam dentro de um Judiciário quase morto.

A felicidade é tão solitária que impossível compartilhá-la. Aquele à qual a mesma não o agracia no momento exato em que surge, dificilmente digere a felicidade de outrem. Dois estarem felizes juntos é comum, porém cada um terá sua fração de intensidade, ou seja, não serão felizes na mesma proporção.

Ser feliz muitas vezes pode ser um mero estado de espírito, comer uma laranja numa manhã de sol, com bagaço, abraçar alguém na rua, mesmo que esteja fedendo, ou você ou a pessoa, andar de bicicleta com a filha na pracinha da esquina, ganhar na mega-sena, achar dinheiro na rua, pelo menos uma nota de cinquenta reais, que já daria para tomar algumas cervejas e fazer um churrasquinho de leve, receber um bom dia, um boa tarde, um boa noite, um “você é bom no que faz”, ou “você merece mais do que recebe”, conhecer um novo(a) amigo(a), transar ao meio dia de um dia quente e depois, suarentos, darem gargalhadas e câimbras no estômago, dizer que ama alguém, receber o amor de alguém, ou seja, a felicidade é um estado amplo e solitário do ser. Ser feliz demanda dureza, às vezes frieza, demanda sensatez, compaixão, paciência e controle. Não se pode ser feliz todos os dias. Isso é impossível. Caso fôssemos felizes todos os dias não haveria felicidade porque não saberíamos o que a mesma seria. Por isso é preciso que seja temperada com um pouco de tristeza, não muito, só um pouco a dar à vida a sua dramaticidade necessária para a evolução do homem.

Como cantou o poeta: “é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe”.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 29/07/2019
Reeditado em 29/07/2019
Código do texto: T6707213
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