Nosso Presidente: De farda ou de terno?

À época em que o Bolsonaro entrou na Aman, via ExPCEx , eu saia da Escola de Formação de Sargento da Marinha para trabalhar no Colégio Naval, em Angra dos Reis.

Ali eu era apenas mais um a compor o contingente de militares universitários, sequelados por perseguições, que foram levados a esses tipos de unidades de ensino para também ajudar aqueles jovens alunos a aprenderem “fazer o dever de casa” antes de assumirem, lá na frente, definitivamente o oficialato militar propriamente dito.

Neste caso, como frisado, eu era mais um militar que tinha sido sumariamente perseguido, dentro da própria caserna, como estudante universitário na área de Engenharia Elétrica. Tanto na UFPE quanto na AUSU/RJ. Em ambos os casos nunca consegui terminar tais cursos de Engenharia. Terminei adoecendo e indo parar no Colégio Naval, via Diretoria de Saúde.

Segundo o Coronel Ricardo Dalla Barba, na sua tese de mestrado: “Durante o regime militar, era possível usar o AI-5 (conhecido nas universidades por “AI dos Estudantes”) para retirar dos quartéis os suspeitos de desvios ideológicos” (principalmente militares universitários – grifo meu).

Daí, conseguintemente, o próprio sistema militar ter que fazer a inserção de tais militares, de âmbitos universitários e perseguidos, nas instrutórias das referidas Academias, com o fito de diminuir essa tendência de se aprofundar a diferença entre a visão do mundo dos militares de cursos superiores de “fardas” e a dos militares de cursos superiores de “ternos”.

Consta que o Bolsonaro é dessa mesma época. Somente que o mesmo não chegou ao generalato. Razão de sua dificuldade em se ater ao “terno” sem ter que apelar para a “farda”.

Já os da sua turma, que chegaram ao posto máximo, conseguem diminuir tal “transição” de visão: entre seu mundo militar e a do mundo dos universitários.

De qualquer modo, fui levado a sacrificar minha carreira universitária e, de certo modo, militar em prol desta causa.