Eterno aprisco
No silêncio do meu quarto, tua voz eclode, e eu percebo que a calmaria se quebra na sua respiração que os meus cabelos sacodem.
Eu nunca estou só, a solidão será sempre impossível na certeza de uma presença sempre presente. Eu nem me sinto merecedor, mas o teu consolo se manifesta, e aplaca a minha dor.
O que acontece lá fora pouco me importa, pois aqui eu troco figurinhas com o arquiteto do universo. Delírio? Outrora já foi, mas agora descobri que insano é negar-te. Tu estás por toda parte, em volta, em torno, tu permeias cada espaço, estás dentro de mim, tu és o todo, tu és o tudo, e ignorar-te hoje seria melhor me tornar mudo.
Grandioso, imensurável, incomensurável, impronunciável, quem te encontrou, encontrou consigo mesmo e percebeu que tu sempre estiveste aqui, apesar de muitas vezes eu ter parecido estar morto.
Haverá sempre uma fagulha, que com um simples sopro se mostra, reacende, incendeia, sim, sua centelha imortal está em mim.
Somos mais do que cumplicidade, somos pacto de eterna amizade, pois o meu coração é teu, e tu és meu...Ontem, hoje e amanhã...Meu único onipotente, onisciente e onipresente Deus.