A ESCRITORA MARGINAL

A ESCRITORA MARGINAL

Eu não sei se todos sabem, mas vender um livro hoje em dia, é uma coisa extremamente difícil. Principalmente se o livro for de poesias, como é o meu caso. Pois bem, achei que, no lugar da livraria, a rua traria maiores resultados. Sim, a rua. Vender meus livros para os passantes nas ruas da minha cidade. Mas não poderia fazer isso ilegalmente sem uma licença da Prefeitura, pois correria o risco de algum fiscal confiscar minha mercadoria. Fui à sub prefeitura do meu bairro e expus meu problema para a assistente social.

Agora uma pausa...

Sabe o por quê da pausa? Foram os segundos (e foram muitos) onde eu fiquei pasma e de boca aberta com o que ela me disse. Simplesmente eu não poderia vender livros novos nas ruas. Não existe nenhuma lei que autorize esse procedimento. A lei só permite que sejam vendidos livros usados, como sebo, em feiras de artesanato e antiguidades. Os livros entrariam no setor de antiguidades. Aí ela me disse que quando um artesão quer expor e vender seu trabalho na rua, ele tem que demonstrar como faz seu artesanato, tem que mostrar que é artista. Então eu argumentei que aquelas poesias que estavam no livro, tinha sido eu a autora. Propus escrever uma poesia naquela mesma hora. Não adiantou. Ela disse que o livro não era eu que fazia.

De certo eu não imprimi o livro, mas será a escrita é uma “não arte” para a lei da Prefeitura?

Saí de lá sem a licença e indignada com a falta de cultura de certos políticos brasileiros. Será que aqueles que fazem as leis estão atendendo realmente todos os cidadãos? Neste caso o novo escritor, ou aquele que não consegue uma boa vendagem em livrarias, está absolutamente fora da lei. Podemos chamar de escritor marginal, pois foi assim que me senti.

Só me restam duas opções:

Vender meus livros sem licença e ser uma ambulante fora da lei. Ou deixar que meus livros envelheçam numa prateleira durante uns dois ou três anos, aí eu posso vendê-los como livros velhos. Talvez então eu consiga a licença e passe da condição de fora da lei para a condição de escritora legal. E legal eu sou. Também sou legalizada como pessoa. Mas continuo sendo uma cidadã marginalizada pela própria lei que rege minha condição de dignidade. Parece que nesse país fica cada vez mais difícil fazer o certo. Por incrível que pareça, a própria lei favorece a ilegalidade.

E VIVA O BRASIL!

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Alma Collins
Enviado por Alma Collins em 28/09/2007
Código do texto: T671797