Quanto ainda temos?

Meu coração queima com toda essa história da Amazônia. Apesar de tudo que também faz questão de me apertar o peito, meu deus, é a Amazônia.

Honestamente, um lado egoísta pensou em aproveitar o gatilho e chorar tudo que vinha guardando todos esses dias. Sim, porque desde que aquele ponto final foi colocado na resenha de uma certa história, nenhuma lágrima sequer ousou sair de mim. Nem por redenção. E isso me preocupa tanto pelo medo de estar alimentando de enganos inconscientes esse meu coração, quanto pela possibilidade de me reprimir demais e correr o risco de explodir na hora mais imprópria.

É tanto. E há tanto tempo. Quanto ainda temos?

Meu deus. É a Amazônia. Desisti de colocar junto meus conflitos bobos. Lembrei do meu primeiro ano na faculdade, dos meus ex-alunos, dos meus sonhos, dos meus votos. Constatei que hoje é meu primeiro dia de terapia e ainda me sinto fechada. Tentei recordar quando foi exatamente que me tornei tão preocupada com o meio ambiente, e concluí que assim como se apaixonar, esse momento específico era tênue na minha linha do tempo. Chorei.

E então pensei de novo no seu abraço.

Estranhamente, era dentro dele que (m)orava a coragem dos meus combates.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 22/08/2019
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