Crédito da imagem: Picdeer





PAPEL DE PÃO


Hoje estava eu a fazer lanches para o almoço, parece meio estranho, mas aqui em casa, muitas vezes, fazemos dos lanches algo comum. Sei que os nutrólogos de plantão e médicos odeiam, porém são vicios. Voltando ao tema, estava eu  a grelhar os hamburgeres (tem plural?) e aí  me dei conta que não tinha comprado o famigerado papel-toalha para absorver a gordura dos alimentos, fora outras utilidades, então lancei mão de um recurso antigo, usado pela minha mãe, em tempos idos; onde na época, raramente tinha na mercearia da esquina, guardanapo, quiçá papel-toalha. Peguei um saquinho destes nos quais são acondiconados os paẽzinhos, que guardo em local reservado e, utilizei para os fins devido em relação aos lanches.

Lembrei que na minha época de criança, minha maẽ comprava bengalas, e estas vinham envoltas num papel, às vezes meio branco, nunca era branco mesmo, ou até rosado, e este minha mãe usava em algumas situações na  cozinha. Eu por minha vez, pegava os tais papéis que não eram usados na cozinha e escrevia neles, hoje pode soar estranho, mas vivi minha infância e um pedacinho da adolescência num periodo militar e mais rigido em termos econômicos, onde não tínhamos tanta abertura em relação ao comércio exterior, e a empresas nacionais não tinham grande aporte e não atendiam a demanda da população, e o papel sulfite era uma raridade, escasso e caro.

Até hoje me lembro que escrevia poemas, textos e bobeiras de criança nos "papéis de pão", minha mãe quando encontrava os rabiscos, falava logo, para quê isto? E eu, como nada tinha a declarar a meu favor dizia apenas, não  tinha onde escrever...e assim o tal papelzinho com minhas "criações" ganhavam rapidamente o lixo. Enfim, foi uma fase bem aproveitada, isto sim, escrevia porque gostava, e sempre gostei, não tinha onde, escrevia no "papel de pão", na porta do guarda-roupa com giz, ainda bem que minha mãe nunca soube deste último, e assim por diante. Era uma "artista" dos tais papeizinhos da casa. Já tive aquela fase de tmabém escrever em livros antigos, fazendo uma "faxina" numa caixa de livros de casa, vi que alguns estavam rabsicados com minhas garatujas, e até livros de minha mãe (coisas que ela nunca leu, seja por falta de interesse ou de tempo),mas mantinha guardado em uma caixa. Uns estão rabiscados que me dão vergonha hoje, mas na época era só alegria escrever e registrar com minha letra em qualquer lugar. Bons tempos.

Já mencionei aqui que muito tenho a agradecer minha infância e se pudesse voltar num periodo da minha vida, seria este sem sombra de dúvida, infância onde a inocência cria um simbolismo em torno de fatos e pessoas, e no meu caso, foi ótima infância, divertida e como frisei no caso dos meus textos infantis, criativa. Depois de um tempo, ganha-se mais consciẽncia da vida e da situação e vemos que na infância tudo era mais natural e sem tantos "adereços" típicos da vida adulta. 

Hoje vendo meu filho numa fase escolar com tanto material a disposição, recursos vários em termos de papel e digital, fico achando estranha a imagem da menina sonhadora que escrevia num "papel de pão", porque não poderia usar o caderno escolar, pois antes do final do ano letivo não tínhamos como repor mais cadernos, então usava eu o que tinha a mão, um simples "papel de pão".






Nota da autora: Um texto emotivo como não poderia deixar de ser, apenas um registro de uma fase que vivi e me alguma forma me toca mais, talvez por ainda ser muito recente o falecimento da minha mãe.

Grata a todos pelas leituras.



 
Lia Fátima
Enviado por Lia Fátima em 23/08/2019
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