Das pequenas aventuras cotidianas de uma recente quarentona

Ontem, voltava do trabalho na hora do almoço, acompanhada de meu caçulinha, o Arthur. Descemos a rua, e como de costume o dono do boteco da esquina nos cumprimentou, repetindo ao Arthur a cotidiana pergunta: " Estudou ou fez bagunça?" Respondemos, sorrimos, acenamos e continuamos o trajeto. Mais abaixo, em nova esquina, me demorei um pouco cobiçando um cacto enorme que fica na rua mais à direita. Ele dá flores maravilhosas e frutos interessantes! Sempre procuro mudas dele em floriculturas, mas sem sucesso. Olhamos para os dois lados da esquina para continuarmos descendo a rua e foi nesse momento que senti um comichão estranho. Peguei o Arthur pela mão e disse: "Arthur, vamos ali dar uma olhada naquele cacto." E então, não tinha mais volta. Me tornei ali, naquele exato momento, a doida que bate na porta de desconhecidos para pedir mudas de plantas. Bati, bati, mas ninguem atendeu. Foi então que um passante me avisou que o quintal era grande e que eu devia chamar no portão que ficava na rua ao lado. Lá fomos nós, no outro portão, com a cara mais lavada do mundo tocar o interfone. Confesso que bateu um pouco de ansiedade. Tocamos e logo fomos surpreendidos. Quem atendeu não era tão desconhecida assim, era minha professora do quarto ano, que lecionou para mim lá pelos idos de 1989. Ela me reconheceu e me cumprimentou pelo nome. Que fofa! Fiquei um pouco sem graça de incomodar, mas fiz meu pedido. rsrs Dona Zuleica logo abriu as portas da sua linda casa, e, com toda a gentileza desse mundo, ela e seu marido nos levaram até o quintal onde pudemos admirar de perto o majestoso mandacaru. Ali, no quintal, pude tambem conhecer os netinhos lindos da Dona Zuleica e conversar um pouco sobre nossas conexões, afinal ela foi minha professora e do meu irmão, e o marido dela trabalhou com um dos meus tios. Conexões, conexões! A vida tem dessas coincidências gostosas que nos assuntam. Não sei se agradeci o suficiente a atenção e generosidade deles , mas sei que saí de lá toda encantada com aquela família e com a belezura do meu querido filhote de mandacaru. Pois é, envelhecer tem se mostrado um processo transformador, ousado e bem divertido!