Enquanto o tempo passa

Ainda era de manhã cedo, o sol começava a mostrar os seus primeiros raios, os pardais começavam a cantar enquanto o céu, sem nenhuma nuvem, começava a clarear.

Uma brisa fria e úmida,típica das primeiras horas do dia, começou a soprar em mim e nas árvores que estavam no pátio.

Sentei no meio fio da calçada do pátio, fiquei ao lado do ônibus no qual eu iria cobrar a passagem dos passageiros durante a viagem, o ônibus que era velho e um pouco feio, porque a lataria já estava um tanto quanto enferrujada. Fiquei esperando pela chagada do motorista do ônibus, já que cheguei relativamente cedo naquele dia.

Como eu não tinha nada, ou quase nada, para fazer resolvi contemplar a bela paisagem que estava em minha volta, e logo encontrei uma cena minimamente intrigante, dois canários com uma cor amarelo radiante , ambos assobiavam bem alto, como se um estivesse discutindo com o outro, igual a uma briga entre marido e mulher. Levantei-me e comecei a andar para tentar chegar mais perto para ver melhor a situação, no entanto, eles acabaram me percebendo, se assustar e voaram para longe.

Frustrado com os pássaros, olhei para o longe pra ver se vejo o motorista chegando, porém vejo apenas uma grande imensidão de puro nada. Então continuei tentando assistir à paisagem, pra tentar ter a sorte de ver algo interessante novamente.

Desta vez olho para minha esquerda e vejo um garoto, magro com cabelos escuros e olhos castanhos esverdeados, usava um uniforme escolar.

Não sei se fazia parte do uniforme da escola ou não , mas ele usava uma boina francesa, vermelha que acabou por chamar muito a minha atenção. Vi ele cruzando a rua onde se localizava o pátio dos onibus, e até pensei em pergunta-lo sobre aquela boina mas, mudei de ideia e apenas vislumbrei ele indo ao longe para a sua talvez escola onde todos os alunos usavam aquela boina vermelha. Bem, de qualquer jeito já era tarde demais para eu tentar perguntar.

Ainda receoso com o ocorrido tento novamente, continuar a refletir sobre a paisagem.

Bom, o último lugar no qual restava eu direcionar meus próprios olhos era para a direita, e surpreendentemente, parecia que a sorte estava mesmo do meu lado naquele dia, vejo um grande contingente de pessoas, parecendo estarem muito furiosas , vindo em direção ao pátio. Desta vez crio coragem e tento perguntar para uma mulher, parecia ter por volta de quarentena e seis anos, no qual me responde:

-Ora, nós somos protestantes e estamos aqui lutando contra o absurdo que está o preço da passage.

Quase que automaticamente respondo ela

-E realmente está caro

-Não vamos sair daqui até que o prefeito dessa cidade tome alguma medida sobre o preço destas passagens

Eu mesmo sabendo que não era desse jeito que funcionaria, acenei com a cabeça dizendo que concordo com ela e com todas aquelas outras pessoas.

Por dedução vi que não iria trabalhar como cobrador naquele dia, então já fui me rerirando, mas não sem antes receber um convite que eu receber um convite daquela mesma mulher para participar do protesto, porém acabei por recusar e disse um simples e mero "adeus". E assim como o garoto de boina virei apenas mais um na paisagem

Raul Noleto
Enviado por Raul Noleto em 13/09/2019
Reeditado em 14/09/2019
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