MARIDO TRAIDO

CRÔNICA

A TRAIÇÃO

A vida não é para mim uma simples poesia

E eu que sempre fui dela motivos tanta agonia

Quando queria me levar, eu resistia

Quando queria me deixar ficar, eu teimava e ia

Apesar de eu ser da vida inspiração para suas rimas e não o contrário

Tinha dias que eu brincava com ela, e alguns versos escrevia

Porem devo confessar que, os poemas não eram escritos

E sim composto por bons e tristes momentos vividos

Lembro-me de uma poesia que por amor ou teimosia escrevi, nesse caso vivi;

Essa foi a pior delas, e confesso que nunca à esqueci

Namorei uma pequena, meiga, e de pele morena, tinha um trato com ela

casar, ter filhos, e levar para morar junto, a sogra.

Trato feito, e cumprido

Casei, e levei sua mãezinha para morar comigo

Um mês de casamento, começa meu o tormento

O negócio fechado, era levar só ela para cuidar, com trinta dias do casório

Me chega um velho para eu ter que alimentar, não é reclamar da comida

É que a vida estava dura, e a gente vendia o almoço para

poder a janta comprar

Mais dois messes passados, me chega o cunhado, veio de mala e cuia

Esse gostava de ver a lua, era um poeta, só escrevia, não queria trabalhar

Fazer o que né, parente, a gente tem que aguentar

E além do más, eu amava aquela baixinha, de tudo eu fazia para deixa-la feliz

Um belo dia chegando em casa, de longe escutei um latido, será sonho meu?

Cutuquei os ouvidos, pensei eu, o cachorro do vizinho está revirando meu lixo

Entrei de mansinho, e lá estava ele, toquei o bicho para fora, sem nele tocar

Vindo da sala, uma voz pude ouvir, entra logo Dudu, está chovendo, a chuva

vai te molhar

Respondi:

-Calma cunhado, já estou entrando, deixa eu tocar esse

cachorro que o nosso lixo está espalhando

Pra que falei isso, o cara veio possuído, enrolou o cão num abraço, e em largos

passos, a porta adentrou, fui atrás bem ligeiro, e um tanto assustado, perguntei

-Que isso cunhado, que susto me deu, solta esse animal, ele não é me e nem seu

O cunhado calado, sério ficou, deixei para depois, resolver essa questão

Em segundos adentra a sala o velho tarado, o pai da mulher e do louco cunhado

Disse ele:

-Achou o Dudu filho?

-Como é fujão esse safado

Quieto fiquei, achei que era provocação, deixei sozinho a falar, o velho babão

Mais tarde depois do meu banho, na cama esperava o rango, a espera era tanta

Que eu até sonhava com a fome, de longe eu ouvia na cozinha, vozes a murmurar

-Já deu comida ao Dudu?

-Cama mãe já dei

-Está bem filha, você sabe que ele precisa se alimentar

Era a sogra, e a mulher, a conversar

Opa espera um pouco, recapitulei

-Já deu comida ao Dudu?

-Calma mãe já dei!

-Está bem filha, você sabe que ele precisa se alimentar

-Dudu já comeu?

Estaria eu sonhando, apertei a barriga, e nada senti, passei a língua nos dentes

e nada encontrei, nem um grão de arroz, tão pouco de feijão

-Mulher faz favor, que coisa é essa, que comida você já me deu?

-Estou cheio de fome, Dudu não comeu

-Se aquiete homem, vou trazer o seu prato, o Dudu que está de barriguinha cheia, é o neném do meu mano, que tem o seu mesmo nome

-Foi uma homenagem que ele quis te fazer, Dudu é o cão

já falei pra você

Comi, dormi, e no outro dia fui trabalhar, e a noite em casa, uma coisa esquisita me roça os pés, era uma cobra? Indaguei

Que cobra que nada, era o rabo do gato que a sogra pegou pra criar

Dei um pulo da cadeira, e um berro soltei, CHEGAAAAAAA, todo mundo para fora

Fica só o filho e a mulher, Não quero mais sogra, não quero cunhado , nem cachorro com

meu nome, não quero mais gato, nem velho babado

Saiam todos daqui, sumam

Todos me olharam assustados, mais fui respeitado

Logo fui me deitar, no dia seguinte, encontrei um bilhete na geladeira pendurado

E nele eu lia

-Dudu, foi embora com a família

-A mãe levei para um asilo

-E o pai foi com ela também

-O gato não quis vim comigo

-O cão não sei o que o mano fez

-Zezinho chora toda hora

-Coitado, nem para a escola hoje quis ir

-E como tenho que trabalhar

-Entreguei ele para o pai, ajudar a criar

Que história é essa?

-Entreguei para o pai, ajudar a criar

-Zezinho é filho meu

Deixa o bilhete eu terminar de ler

-E isso Dudu, quero uma coisa te dizer

- Zezinho não é filho teu.

Igor Rodrigues Santos

Poeta Igor Rodrigues Santos
Enviado por Poeta Igor Rodrigues Santos em 15/09/2019
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