Aos “doutos críticos de arte"

Vez ou outra me deparo com um sujeito, de peito estufado, expressão de desprezo, emitindo algum axioma maledicente sobre arte. Acontece por vezes de ser algo que me agrada, e entre a raiva que cresce em mim e o controle a mais que me obrigo a ter, fico pensando de onde ele/a tirou toda aquela certeza sobre algo que a meu ver é subjetivo. Chamo de "doutos críticos de arte" tais seres quase iluminados, etéreos, que acreditam piamente que a opinião deles é a única que importa e a única que está certa.

A arte não tem valor mensurável e sua praticidade é quase sempre extrínseca à própria arte. A mesma música que pode me trazer calma e felicidade, pode ser triste para outra pessoa. Não gostar de banda tal, artista tal, significa apenas que aquilo não lhe agrada. Falar que banda N é superestimada, que só lixo faz sucesso, a meu ver quer dizer que a pessoa em questão superestima o próprio gosto.

Com isso não afirmo que ninguém possa desgostar de algo ou que devamos parar de criticar uma obra, porém se ti falta o mínimo de embasamento, se aquela reflexão é fruto de puro achismo, subjetiva no âmago, para que compartilhar isso? Claro, achar quem também não goste da obra e dar vazão aos seus sentimentos é quase um suprassumo – detração funciona com arte e com pessoas, às vezes dá até para juntar as duas coisas-.

Doutos críticos de arte tem algum conhecimento que não consegui captar ainda, espero alcançar esse nível de sofisticação mental para poder dizer que tal artista é superestimado ou que tal obra é apenas um horrenda... sem precisar explicar as razões.

Francisco Nascimento
Enviado por Francisco Nascimento em 28/09/2019
Reeditado em 28/09/2019
Código do texto: T6756282
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