O MATADOR

O que pode mudar sua história geralmente depende somente de você. Mas e o que não depende somente de você? Estamos o tempo todo nos tratando de injustiças, de casos e descasos, de figuras do acaso e obras perfeitamente orquestradas pelo sistema. Se alguém me mostra a arma, eu logo quero atirar e descarregar todas as balas, toda a raiva que puder ser consumida.

Eu tenho raiva. Eu tenho ódio. Eu tenho rancor. Eu não sou perfeito, nem um santo, nem sequer cheguei perto de ser tudo isso. Mas fui ensinado, fui instigado, e ao que leva a raiva, o ódio e rancor?

Ouvi falar sobre alguém que matou outro alguém por uma situação que até poderia ser resolvida de outra forma. No entanto, me pergunto o que eu faria no lugar dessa pessoa? Alguns levarão este questionamento como uma afirmação de que coloquei o atirador como correto, outros irão acreditar que eu simplesmente quero demonstrar preocupação com hipocrisia. O fato é que eu preciso saber disso porque preciso saber de mim.

Tantas vezes escolhemos esconder nosso desânimo, nossa falta de fé e de coragem, porque acreditamos que o universo inteiro conspira contra nós.

Sabe... O universo é tão único, para que conspirar, senão nós contra nós mesmos? São palavras bonitas à nossa época. São gerações, milênios de guerra, de sangue, de palavras e ações jogadas à multidão. O que eu sou disso tudo? Não sou nada, senão a mera ocasião da jornada que foi percorrida até o meu nascimento. A aplicação da vida é tão simples, como tão vaga. De um átomo a uma árvore. O ser humano é como todas as árvores. E todas as árvores são como o céu, que permeia todas as escolhas e combinações.

Não mate por matar, não julgue por julgar. Temos leis para nos punir, mas também um coração para zelar.