Foto: Minha mãezinha Izaura segurando este que vos escreve aos três meses de idade.

ESQUISITO: NASCER
 
            Nascer. “Sair de dentro da barriga da mãe no tempo certo; vir à luz; vir ao mundo – a criança nasceu”. O dicionário descreve este ato da vida em que vidas geram vida...E assim eu vim à luz, nasceu Ricardo, filho de Izaura e Valdemiro! O derradeiro, também chamado de "fim de rama", o Caçula. Uma saga que já dura exatos cinquenta e sete anos desde que vim a este mundo. Uma que se iniciou na madrugada do dia 06 de outubro de 1962, depois de abandonar aquele ventre maravilhoso que tanto me acolhera, me formara, quentinho e nutritivo, cheio de amor e carinho materno 24 horas por dia. Ser mãe é ser um ser Divino, é carregar a si próprio para toda eternidade, é não se caber dentro de si, é deixar-se aflorar na forma de filho. É a expressão total deste sentimento chamado amor.
            Foi assim que vim para este jardim chamado mundo. Esquisito, com metade do tempo no sol e a outra metade no escuro! Um complementando o outro num giro de vinte e quatro horas, com o espetáculo do fogo iluminando as sombras. Nem sempre é luz, por vezes chove, noutros o sol brilha, flores desabrocham e folhas amarelam e caem de volta ao solo de onde vieram. Dias e noites formam o tempo, este, marcado por ponteiros cartesianamente impecáveis, em saltos de sessenta segundos. Se meus cálculos não estiverem errados, tenho 719.020.800 minutos de existência terrena. Uma conta meio complicada, coisa da idade! Agora, se considerarmos os saltos de sessenta segundos então serão quarenta e três bilhões, cento e quarenta e um milhões e duzentos e quarenta e oito mil segundos. Acho que depois dessas contas já estou velho demais, e se for atualizado mais ainda, ou pelo menos a vida já me proporcionou centenas de milhares de pôr de sois, fantásticos,  que eu não tinha nem ideia de quantas vezes isto já acontecera. Obrigado minha mãe por esta oportunidade de luz, obrigado Senhor pela minha mãe que me proporcionaste.
            O engraçado de brincar com os números do tempo, é que eu sempre me encanto com cada novo pôr do sol! A sensação do nascer de um novo dia é rápido, mas o pôr de sol é nostálgico, lento, é algo mágico que mexe com nossa imaginação, que nos faz mergulharmos dentro da gente, em nosso submundo desconhecido, e nesta lentidão vivemos momentos fantásticos. Ele contrasta com o nascimento, com o vir ao mundo, porém, no tempo certo, tudo pode ser luz em meio à noite que caminha na direção de um novo alvorecer! O segredo não tem segredo, é vida que surge, que se encontra, que pulsa, gerando vida, recomeçando o ciclo, alimentando o mundo com nossa presença efêmera que herdamos de nossos pais. A lição mais importante e mais bela que podemos deixar, é o amor que recebemos um dia daqueles que nos foram insubstituíveis em vida, porém, devo confessar que o amor de mãe é algo que não tem comparação em todas as suas dimensões. É um amor cristalino, daqueles que a alma abraçou desde outras dimensões, uma extraordinária simbiose que não se pode explicar em palavras, em versos, nem de forma nenhuma, porque, o amor de mãe se basta pra si mesmo. É um diamante polido pelas mãos do próprio Deus da Criação que veio para dar glamour a vida.



Dedicado a todas as mães em nome de minha Izaura que retornou a Pátria Espiritual depois de sua missão cumprida.
 
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 06/10/2019
Reeditado em 09/05/2021
Código do texto: T6762334
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