Não é fácil ser eu mesma. Não é fácil ter argumentos sobre assuntos tão diversos.  Não é fácil encarar a protetora ignorância da maioria, com o pouco de luz que trago no bolso ou em minhas linhas tortas tão perplexas por não serem côncavas. Tem dias que tenho enorme vontade de sair voando, mas não tenho asas e, de avião sempre sobra aquela sensação claustofóbica. Parece que estamos dentro de enorme supositório de glicerina prestes a derreter. Tem dias que tenho vontades infinitamente contemplativas, ao ponto de conversar com o mar, cochichar com as ondas e, segredar às estrelas os mais requentados sonhos. Sob a lupa míope do realismo, tento decifrar máscaras e indumentárias que, em geral, traem seus personagens. Ora por serem canastrões e, ora por serem tão dejà-vu. Minha lógica emocional corrompe todos os vínculos possíveis com a sanidade. E, louca que é, mergulha no abismo diário das contradições e versões mal lidas. Não é fácil ser eu mesma. Carregar sob os ombros a existência, a essência e um espírito absurdo capaz de dizer apoplexias em público e, sem nenhum pudor. Hoje sobre todos os assuntos que mais interessam, deveriam as pessoas apenas tentarem ser felizes e, cultivar seus pequenos afetos enquanto podem... porque depois, tudo é silêncio. E, no silêncio conivente passam as horas, os dias e os anos, até que a útima certeza finalmente aporta e joga sua âncora e, nos arremessa para  profundidade histórica. Carpe diem.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/10/2019
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