SEMPRE TEREMOS PARIS

Lembrando um dos melhores filmes da história do cinema.

SEMPRE TEREMOS PARIS

Guardamos dentro de nós coisas que não lembramos, mas permanecem gravadas no mais profundo do nosso ser. Como se fora um redemoinho de uma máquina de lavar roupas visto através do vidro, as cenas e pessoas mostram pedaços de lembranças que em fugazes instantes nos veem ao consciente. Coisas que pensávamos ter esquecido, amores que superamos, dores que sentimos, alegrias, decepções, surpresas, tudo está em nosso baú de memórias chamado de subconsciente. Quem não passou pela experiência de encontrar uma pessoa que lhe cumprimenta efusivamente e você não tem a mínima ideia de quem seja? Se conversar uns momentos as lembranças surgem e recordamos de que, em certa época de nossas vidas, convivemos ou conhecemos aquele indivíduo. E vem aquela sensação de como é que não lembrávamos de nada ao ver a pessoa e o fato ou ocasião a ela ligada. Então, voltamos ao turbilhão da máquina de lavar roupa e puxamos aquele pedaço de pano visto de relance. E retiramos uma roupa inteira, que nem sabíamos ter. Acredito que esse “esquecimento” é uma forma de conservar nosso equilíbrio mental, pois não podemos sempre ter na mente consciente tudo o que nos aconteceu desde que nascemos. Não haveria área de trabalho em nosso computador para mostrar de imediato. Essas divagações psicológicas não são o motivo desse texto, pois somos muito mais que computadores, temos alma (no sentido de ser o mais importante de tudo). As recordações mais marcantes convivem cotidianamente conosco, nos acompanhando por toda a vida. Aquela namorada que nos deu um fora, a prova que ganhamos, o gol que fizemos, as reprimendas e os elogios que recebemos, o vestido que nossa mãe não comprou e ficou lá na vitrine, as dores e tristezas que sentimos. Mas acima de tudo estão experiências pelas quais passamos e calaram mais fundo em nosso ser, que nos transformaram no que somos hoje como a formatura de um curso, a perda de entes queridos, grandes desilusões, decepções, etc. São as lembranças que não saem de nossa mente. E o grande amor, ou grandes amores, quando perdidos, marcam a ferro e fogo nosso espírito. Resta o consolo de termos vivido aquela experiência. No filme “Casablanca”, duas pessoas vivem um grande amor, o amor de perdição, doído, sofrido em meio da ocupação alemã em Paris. Separam-se devido as circunstâncias da época, voltam e se encontrar em Casablanca, Marrocos, cidade que servia de saída da região sob controle nazista, dois anos depois. Em uma situação totalmente diversa da primeira, ela agora casada com um líder político procurado pelos alemães e ele gerente de uma grande casa noturna frequentada por oficiais da implacável SS, que caçava os inimigos do nazismo. Ele usa seus conhecimentos e consegue os preciosos salvo-condutos para ela e o marido. No momento em que ela vai embarcar no avião, os dois se olham, ela quer ficar, e ele, em um momento de grande tensão emocional, a convence a embarcar. Sabendo que nunca mais se verão, para consolá-la pronuncia: “-Sempre teremos Paris”, e ela se dirige ao avião. E a plateia se derrete. Mas fica a mensagem de que, por mais frustrações que sofremos, sempre ficará a lembrança da parte boa.

Paulo Miorim 19/10/2019

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 19/10/2019
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