Caneta e papel pulsantes
Ela desperta, abre a porta frontal, ouve os bem-te-vis, percebe as folhas das árvores movendo-se, respira a manhã, enquanto toma um café. Pensa na caneta e no papel, sente necessidade de escrever, mas os afazeres domésticos a prendem. E ela, quase que mecanicamente, reproduz os velhos e degastados hábitos.
Mas a caneta, o papel, o laptop a chamam, pois o tempo é urgente. Como que por espanto, ela senta e se dá conta que precisa renovar os propósitos da alma. É tomada, então, por uma felicidade pueril e começa a brincadeira com seus velhos e fiéis companheiros e desliza-se pelos caminhos envolventes da escrita. Ela pega a caneta e deita sobre o papel em branco os recados de sua alma inquieta e compõe seus versos mudos com calma, musicando a essência de suas angústias e individualidade poética.