Chegamos a Aparecida. O maior centro de fé do Brasil. Mesmo não sendo a primeira vez que visito este espaço de fé ainda assim estou emocionada diante deste templo de espiritualidade cristã. Há no ar a certeza da esperança e confiança no Deus da misericórdia.

Caminho tranquilamente diante deste santuário imenso. Já inicio internamente meu momento de oração e conexão com Deus.

A movimentação de transeuntes é intensa. Percebo uma ansiedade em cada olhar. Um desejo ardente de que suas necessidades sejam ouvidas por intercessão da mãe Aparecida.

Um misto de ansiedade e alegria efusiva se apodera de mim. Vejo que, também eu, tenho esperança de que meus pedidos sejam atendidos por intercessão da mãe Santíssima.

Vou caminhando lentamente para o momento de visitação à imagem. Já sinto meus olhos úmidos de lágrimas que certamente verterão a qualquer momento. Já nos primeiros metros da caminhada vejo incrições com as palavras da ladainha. Sinto meu ser se encantar. É uma sensação de esperança tão grande que não há explicação. É preciso viver para sentir. Há um mistério, um amor, um sentimento de proximidade com Deus que toca o coração a ponto de gerar nos olhos a resposta da emoção. Realmente é um dia diferente.

Vou seguindo a fila. São muitos murmúrios e lamentações. Há um silêncio intenso no coração de cada um enquanto os lábios imploram a ação de Deus. Sorrio internamente. Também eu estou assim.

Algo mais intenso ainda está por vir. Não tenho esta noção, mas presenciarei algo maior.

Bem à minha frente um casal caminha lentamente. Uma mulher seca pequenas gotas de lágrima discretamente. Penso em mim que também desejo secar algumas, que insistem em brotar. É uma mistura de discrição coletiva com o desejo de extravasar os sentimentos. Todos tentam disfarçar a emoção. Mas, esta mulher me intriga. De repente vejo dois solados de pés. Pequeninos! De uma criança? Meu coração sofre um leve baque. Há uma criança de joelhos. Disfarço para não demonstrar minha surpresa. Mas não resisto. Olho para a criança, ela sorri para mim. Sorri com os olhos de um anjo. Não há mais como disfarçar a emoção.

O pai segura a mão da criança como a apoia-la. É uma fé inigualável. Uma menina de cinco anos, aproximadamente, de joelhos diante de Deus agradecendo ou pedindo a intercessão da mãe imaculada, mãe amável, mãe admirável. Não há como não crer na fé. Não há como não crer na intercessão da mãe. Lágrimas caem livremente de meus olhos. Já não me preocupo em disfarçar. É muita emoção.

Sigo meu caminho. Meus pedidos e agradecimentos tornam-se mais intensos. Percebo que é uma força diferente porque é coletivo, são milhares de lábios pedindo, clamando, esperando por um milagre. Sinto-me mais forte, mais humana, mais leve.

Saio restabelecida. O retorno será diferente. Mais uma vez presenciei a força da fé, da esperança e do agradecimento a Deus: inicio, meio e fim.

Sigo meu caminho. Percebo que ainda tenho muito a aprender sobre a fé. E muito a fazer para que, como aquela criança, eu possa ser testemunha do amor de Deus para com a humanidade. Deus me permita ser um instrumento do seu amor para o próximo.

NEUZA DRUMOND
Enviado por NEUZA DRUMOND em 20/10/2019
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