Ficcionando a Realidade

Ontem eu paguei R$4,05 no cinema 4DX. Não sei vocês, mas achei maravilhoso. A história foi a seguinte:

Entrei no ônibus e sentei-me em um assento meio estranho que, a cada freada do motorista, ia pra frente e para trás. Não bastasse isso, havia ainda outros efeitos especiais, como: banho de chuva (vindoura dos pingos do ar condicionado), vendaval e um aroma que poderia ser evitado por um desodorante. Além do movimento, da velocidade e dos efeitos especiais, era 3D. Sim. O vidro estava tão sujo e com uma imagem tão embaçada, que talvez um óculos 3D ajudasse a ver melhor o filme da paisagem.

O ambiente era igual um cinema de verdade: havia pessoas conversando, dormindo e com o brilho do celular no máximo; sem falar da pipoca doce, dos biscoitos e das balas que eram vendidas por um preço super em conta por alguns trabalhadores informais. O filme era um tanto monótono. Se passava na cidade do Rio de Janeiro e mais parecia um documentário, visto que só mostrava a beleza e o caos da cidade maravilhosa. Não demorou muito, talvez uns 90 minutos. Confesso ter dormido ao passo da narrativa lenta do filme. Só em determinados momentos que eu despertava, para evitar dormir no ombro do colega ao lado e impedir o gotejo da minha saliva que já estava quase pulando para fora da minha boca.

O filme acabou, os créditos desceram e as portas se abriram automaticamente para eu sair, sem precisar de um empurrão. O filme era trágico, mas a realidade conseguiu ser pior. Ao retirar os óculos da ficção, meus olhos choraram de desilusão.

#BoaNoite

Leonardo Salomon
Enviado por Leonardo Salomon em 20/10/2019
Código do texto: T6774823
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