QUEM VIVER, VERÁ

O tempo passa, a idade avança, muita coisa muda, mas a sensação dominante não é esta. Há naturais limitações, mas até parece que não. Acho que reside aqui, este ponto exato, o segredo do bem envelhecer. Não percebo – é questão puramente subjetiva – grandes diferenças com quem tem cinqüenta anos. Chose de loque! Portanto, quando me tratam como “idoso”, acho engraçado. Os esportes radicais que não pratico hoje, jamais os pratiquei ontem. As vulnerabilidades físicas costumo debitar à asma, ao cigarro excessivo e assim por diante, mas muito pouco à idade. Com relação aos novos tempos, à sociedade, sua moral, avanços e abalos econômicos acredito mesmo que me ajustei relativamente e compreendo. Considero a internet indispensável, curto a tecnologia - o que ela traz de conveniência e conforto – e convivo com o novo jeito de ser dos mais jovens. Cada um no seu quadrado. Tenho as mesmas tentações e aspirações de sempre, mas com a tranqüilidade de quem não pode esperar grande coisa. Sem ansiedade ou exagero. O fato de tê-las já é eloquente. Cultivo apego às coisas boas do dia a dia, que, talvez, antes, não tivessem tanto significado. Com relação à economia, culturalmente sempre me impressionaram a grande depressão de 1929, nos USA e no mundo, e a desgraça da Segunda Grande Guerra. Na minha vida adulta e produtiva, aqui no Brasil, sobrevivi a todos os mais esquisitos planos econômicos, a saber: 28 de fevereiro de 1986: Plano Cruzado (presidente: José Sarney, ministro da fazenda: Dílson Funaro)[3][4]

• 21 de novembro de 1986: Plano Cruzado II (presidente: José Sarney, ministro da fazenda: Dílson Funaro)[5][6]

• 12 de junho de 1987: Plano Bresser (presidente: José Sarney, ministro da fazenda: Luiz Carlos Bresser-Pereira)[7][8][9]

• 06 de janeiro de 1988: Política "Feijão com Arroz" (presidente: José Sarney, ministro da fazenda: Maílson da Nóbrega)[10][11]

• 15 de janeiro de 1989: Plano Verão (presidente: José Sarney, ministro da fazenda: Maílson da Nóbrega)[12][13][9]

• 15 de março de 1990: Plano Collor, ou "Plano Brasil Novo" (presidente: Fernando Collor de Mello, ministra da fazenda: Zélia Cardoso de Mello)[14][9]

• 31 de janeiro de 1991: Plano Collor II (presidente: Fernando Collor de Mello, ministra da fazenda: Zélia Cardoso de Mello)[15][9]

• 10 de maio de 1991: Plano Marcílio (presidente: Fernando Collor de Mello, ministro da fazenda: Marcílio Marques Moreira)

• 01 de Julho de 1994: Plano Real (presidente: Itamar Franco, ministro da fazenda: Fernando Henrique Cardoso)[16][17][18]

Ora, não havendo mais nenhuma grande depressão ou guerra mundial, acredito que não tenho nada a temer (= verbo, com letra minúscula). Com relação à política, só não vi ainda vaca voando, expressão que poderia também usar para muitas outras áreas do convívio humano. Mas a gente é “cascudo” e toca o barco. Tem gente que passou dos noventa e pensa igual. Enfim, como diz o ditado, “quem viver verá.”