Etiquetas

Quem tu és? A premissa da pergunta é simples, apresente-se, diga teu nome, pode dizer de onde veio e até o que faz, remonte tua árvore genealógica se preferir. Esta resposta não me interessa e portanto repetirei a pergunta: Quem tu és?

Não pergunto esperando que leia para mim o conteúdo da etiqueta colada em ti no teu nascimento, existem muitos com a mesma etiqueta, muitas agarrados a ela achando que é única. Pergunto esperando que mergulhe em ti e diga quem de fato és, o que há por trás desta coleira com teu nome.

Tu és poeira estelar segundo o astrônomo que fez sua etiqueta brilhar entre as outras pela fama de seu nome. Tu és um aglomerado de células presas umas às outras em funções automáticas segundo um biólogo, que ficou perdido entre tantas outras etiquetas e entre tantos outros nomes.

O que me interessa não está ao alcance dos olhos, tu és o acúmulo de teus sonhos, tua história em andamento. És tudo que sente, o que vê, ouve e toca, tu és o que decidir ser, pode ser único ou apenas mais um, pode ser ele, ela, ambos ou nenhum deles. Tu tens tuas cores e com elas pintas quem és, colore tua etiqueta.

Quero ver tuas cores para além do cinza gelo de todos os outros, quero que tua voz seja ouvida sem que a coleira te sirva de mordaça e, quando perguntar novamente quem és, quero que diga em alto e bom som: que és tu, livre para ser quem és.